segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

WikiLeaks revela que grande parte da segurança dos Estados Unidos está nas mãos de um sionista

Documentos vazados pela WikiLeaks trouxeram a público mais de cinco milhões de e-mails da agência de inteligência/espionagem privada global Stratfor.
O nome completo de Stratfor é Strategic Forecasting Inc. (Prognósticos Estratégicos Inc.). A empresa foi fundada em 1996, pelo judeu sionista George Friedman, que permanece como presidente executivo. Friedman é politólogo, filho de refugiados húngaros da Segunda Guerra. Antes de fundar sua empresa de inteligência/espionagem, foi professor da Escola de Guerra do Exército e da Universidade Nacional de Defesa dos EUA. A lista de clientes da empresa Stratfor é secreta, mas há notícias de que incluiria Apple, Força Aérea dos EUA e Departamento de Polícia de Miami. Também há notícias de que várias das 500 maiores empresas da revista Fortune são patrocinadoras de seminários e conferências da empresa Stratfor. (Dias depois, ose-mails distribuídos por Wikileaks revelariam que o Ministério da Defesa do Brasil também contratou os serviços da agência de Friedman).
É por este e muitos outros motivos que toda a política externa dos EUA está concentrada na defesa dos interesses criminosos de Israel, país cujo povo – como demonstra a Stratfor – domina e controla o aparato militar estadunidense.

A empresa de inteligência/espionagem vende dois produtos básicos: um pacote feito sob medida para cada cliente, sobre alguns temas de seu interesse; e um pacote ‘top de linha’ com informações sobre todo o mundo. Além disso, há especialistas acessíveis 24 horas por dia, de 2ªs às 6ªs-feiras, para responder perguntas; além de outras vias para informar-se sobre assuntos e acontecimentos.

No final do ano passado, a empresa Stratfor foi invadida por hackers, invasão fartamente noticiada, para vergonha de Stratfor, porque alguém copiou todos os arquivos de seus computadores. Um representante do coletivo Anonymous dehackers divertiu-se à larga: que agência de inteligência/espionagem seria aquela, que não cuidava, sequer, de proteger os nomes de usuário e endereços eletrônicos dos próprios clientes?!

Fonte: Jornal Página 12 - Argentina

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Manipular a realidade é atacar a democracia



Lawrence Davidson, Consortium News

Entreouvido na Vila Vudu:
Fato é que os norte-americanos médios são MUITO dignos de pena.
É como se os coitados vivessem dia e noite sob as metralhadoras de trocentas redes Globo!
Quem pensar que a Folha de S.Paulo é o pior jornal do mundo, não conhece o New York Times, o Wall Street Journal!
(E os americanos médios, aqueles infelizes, sempre ameaçados de serem mandados morrer à toa no Vietnã, no Iraque, do Afeganistão, no Paquistão, no Irã...)

Em meados de fevereiro, alguns dos principais comandantes da inteligência dos EUA compareceram ante a Comissão de Inteligência do Senado para apresentar seu relatório anual sobre “ameaças mundiais atuais e futuras” à segurança nacional dos EUA. Depuseram naquela Comissão, dentre outros, o diretor da CIA David Petraeus, o Diretor da Inteligência Nacional James Clapper, o diretor da Agência de Inteligência da Defesa tenente-general Ronald Burgess e o diretor do FBI Robert Mueller.

O que disseram sobre o que é e não é ameaça real aos EUA e a reação dos senadores daquela Comissão revelou-se exercício de pensamento unidimensional. O que é fato? Ora, o que concorde com o ponto de vista deles. Aqui, dois exemplos daqueles depoimentos:

1. Sobre o “inimigo interno” – Indivíduos renegados que operam “dentro das fileiras” da comunidade de inteligência e das forças armadas são hoje grave ameaça à segurança dos EUA. Segundo o tenente-general Burgess, são “lobos solitários autorradicalizados”[1]. Falou sobre “vazamentos massivos pelo site WikiLeaks”.

Todos os presentes envolvidos naquelas audiências concordaram, mesmo sabendo que é ideia baseada no pressoposto duvidoso, mas não questionado, de que o comportamento das forças do governo dos EUA seria modelo de comportamento aceitável normal de militares e agentes de inteligência. Os que trabalham para o governo, mas consideram inaceitável esse comportamento, os que o veem de fato como traição criminosa contra toda a decência humana, e, por isso, trabalham contra aquela pré-condenação, são perigos “autorradicalizados” à segurança nacional.

Mas e se o apoio a regimes opressores e racistas, a invasão de outros países baseada em mentiras, a matança de milhares e mais milhares de civis e o uso oficial de tortura e da prática das “entregas excepcionais” [prisioneiros entregues pelos EUA a outros governos, para serem torturados] for considerado comportamento radical e inadmisível? Nesse caso, os que denunciem esse extremismo não poderiam ser vistos como radicais. Seriam campeões da normalidade mais racional, seriam os heróis dos tempos que vivemos.

Entendo que se trate exatamente disso. A busca em que os EUA se empenham hoje por alegados interesses nacionais está sendo conduzida por uma gangue metida em ternos caros, que tomaram para eles a tarefa de definir como radicais os heróis cidadãos que denunciam aquela gangue e fatos conhecidos de muitos. A gangue teme que mais e mais norte-americanos vejam afinal a natureza bárbara das políticas da gangue e levantem-se contra ela e a acusem. Então, para impedir que assim seja, a gangue criminaliza (e demoniza) os que veem e dizem a verdade.

2. A ameaça iraniana – Segundo James Clapper, diretor da Inteligência Nacional, “apesar do alarido que cerca os movimentos do Irã em busca de tecnologia nuclear, é baixa a probabilidade de os líderes iranianos desenvolverem armas nucleares, se não forem atacados.” E além disso, disse também Clapper, dificilmente os iranianos iniciarão ou provocarão intencionalmente um conflito”.

Como os senadores da Comissão de Inteligência receberam essa opinião de especialista? A maioria deles recusou-se a acreditar, fazendo eco ao que a maioria do Congresso diz e praticamente toda a imprensa dos EUA repete. A norma, nesse caso, é a que o Sen. Lindsey Graham, Republicano da Carolina do Sul respondeu a “Pessoalmente, estou convencido de que os iranianos estão a caminho de desenvolver uma bomba atômica.”

Calma lá! Isso, só o senhor e sua gangue, Sen. Graham. Como?! O senhor e sua gangue não vivem dizendo que os serviços de inteligência dos EUA são os melhores do mundo e sabem do que estão falando? E, de repente, o senhor não acredita no que dizem?! Por que não?! Que outras fontes de informação os senhores têm sobre o Irã, que os autoriza a dizer o que dizem? E é fonte mais confiável de informação que a CIA, a DIA, a NSA, etc.?

Ah! É o lobby sionista (judeus racistas)! A fonte de informação de Graham e dos senadores que o seguem, sobre qualquer coisa que tenha a ver com Israel (e assunto iraniano é caso exemplar, sempre, da paranóia dos israelenses) é a cartilha das declarações do AIPAC (American Israel Public Affairs Committee).

Esses políticos jamais discordarão desse lobby, nem quando o que dizem contradiz o que diz a inteligência dos EUA. Isso, porque o lobby contribui com dinheiro para suas campanhas eleitorais e ameaça impedir que se reelejam, se os senadores não obedecerem. A comunidade de inteligência dos EUA simplesmente não consegue fazer-se ouvir, contra o lobby.

Assim, mais uma vez, somos todos obrigados a ouvir ‘notícias’ construídas para apoiar as ideias de um grupo. O que significa ser um perigoso “radical”? Ser um perigoso “radical” é denunciar os crimes do governo. E o que é “fato”, quando se trata de Irã? “Fato” será o que o comitê que financia a reeleição de um senador decida que seja “fato”.

E o que é “fato” para o resto dos norte-americanos?

Fato é o que cremos e vemos. E, em vários sentidos importantes, nós sabemos dos fatos. Sabemos que se alguém pula da janela de um prédio, a lei da gravidade cobra seu preço. Em termos gerais, muitos de nós conhecemos os fatos que nos cercam no ambiente imediato no qual vivemos todos os dias. O que quero dizer com isso?

Vivemos a vida de todos os dias em ambiente relativamente limitado, local. Nesse espaço temos experiências diretas, interativas, diárias, a partir das quais conseguimos saber razoavelmente o que esperar. Nossas experiências têm bom valor preditivo. Se alguém aparece dizendo sandices – que quem vive na cidade vizinha está fabricando uma bomba atômica que usará para nos explodir –, sabemos imediatamente que é sandice, loucura.

Mas e quando nos falam de gente que vive longe? Quem de nós conhece o Irã, quantos viveram lá, quantos conversam com iranianos? Nada, na nossa vida diária, nos habilita a emitir julgamentos sobre o que é real é o que não é real, do que se passa por lá.

Fazemos o quê, nesse caso? Em geral, vivemos como se aqueles lugares distantes não existissem, a menos que haja motivo próximo para crer que o que aconteça por lá venha a ter algum impacto em nossas vidas. Para isso, muitos de nós confiam cegamente nos que nos são apresentados como “especialistas”: praticamente sempre são funcionários do estado ou ‘especialistas’ de mídia, “cabeças falantes”.

Aí pode haver um grave problema. O que assegura que sejam especialistas e mereçam confiança? Como se pode saber que aqueles ‘especialistas’ do governo ou da imprensa não trabalham por agendas próprias que nunca nos são expostas e que modelam todos os seus julgamentos? Como sugerem os dois exemplos acima, políticos eleitos também podem perfeitamente trabalhar a partir de pressupostos que, se olhados a frio, são pressupostos anti-humanos. Qualquer deles, aliado a interesses especiais e que jamais se veem com clareza, é perfeitamente capaz de declarar que todas as informações dos serviços de inteligência dos EUA são falsas, não passam de bobagens. ‘Real’ é o que já tinham na cabeça antes de os serviços de inteligência porem-se a trabalhar. E quanto a nós, os que dependemos, para viver, da nossa experiência diária, imediata, acreditaremos em quê, em quem?

Quando não se consegue saber o que é fato e o que é opinião, o que é fato e o que é ficção, talvez possamos usar algumas regras simples, para assim forçar os políticos a agir de modo a minimizar (em vez de multiplicar por mil) os erros. Por exemplo, em caso de dúvida quanto a em quem ou em que acreditar, os cidadãos podemos começar por:

1. Duvidar sempre, o mais possível, em tudo que digam os políticos e a imprensa. Lembremos os últimos desastres, nos EUA (o maior dos quais foi a invasão do Iraque), quando o que nos diziam sobre o que seria ‘fato’ não passou de mentiras e mais mentiras. Os cidadãos temos o dever, para conosco e para com nosso país, de buscar várias, muitas, fontes de informação.

2. Exigir que os políticos eleitos trabalhem a partir do melhor cenário possível, por mais que se preparem para o pior. Na maior parte das vezes, a opinião dos ‘especialistas’ sobre o que seriam ameaças externas contra nós é opinião ideologicamente distorcida; muitas vezes é exagerada; muitas vezes, também, é simplesmente errada (por exemplo, o que tantos ‘especialistas’ nos diziam sobre o Vietnã); ou é opinião que segue uma ou outra agenda específica, interesses especiais (por exemplo, no caso do Iraque, no caso do Irã e sempre que a imprensa fala sobre o “santificado” estado de Israel e o estado “terrorista” dos palestinos).

3. Exigir que, nas relações exteriores, tente-se primeiro e principalmente, a via diplomática. A guerra deve ser necessariamente o último recurso, recurso extremo, que poucos conhecem de perto e a maioria dos políticos só viu em livros ou no cinema. Se a conhecessem de perto, com certeza não seriam tão rápidos em mandar para o front, na imensa maioria das vezes, só os filhos dos outros.

4. Exigir punição exemplar aos que mintam sabendo que mentem e agridem leis internacionais e direitos humanos (como a Convenção de Genebra e as muitas leis que proíbem a tortura). Há várias boas razões para que aquelas leis existam. Atropelá-las é voltar ao estado de barbárie.

É estranho, mas, nas democracias, os que não se empenhem nas discussões políticas, que não se esforcem para influenciar o curso dos acontecimentos, acabam por ser responsáveis por tudo que seus governos façam. É assim, porque, nas democracias, quem não participa abdica do direito potencial de atuar no mundo.

Ninguém pode recolher-se completamente à existência privada. Quem o faça, logo verá que a gangue dos ternos caros ganha novas chances de o derrotar. E afinal, a gangue dos ternos caros lá estará, agindo também em nome dos que abdicam do direito de participar e influir.


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[1] 7/2/2012, BBC, em http://www.bbc.co.uk/news/mobile/uk-16920643

Tradução: Vila Vudu

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Manifesto do Partido Comunista Sírio




A tropa de choque reacionária é a organização dos Irmãos Muçulmanos que leva a cabo massacres em estreita aliança com o imperialismo. O movimento árabe de libertação nacional coloca-se na primeira linha contra o imperialismo global

O imperialismo, e sobretudo a sua força de ataque que é o imperialismo estadunidense, tem sofrido dolorosos golpes por parte das componentes do movimento árabe de libertação nacional: desde a resposta à agressão sionista de Israel no Líbano em 2006 até uma série de levantamentos populares contra os regimes árabes reacionários fiéis aos Estados Unidos e que mantinham relações estreitas com o sionismo, como os regimes egípcio e tunisino, cujas cabeças tombaram, ainda que os povos egípcio e tunisino ainda tenham muito a fazer para aprofundar e desenvolver a sua libertação e a sua revolução nacional.

O imperialismo global tem hoje em curso um feroz contra ataque contra o movimento árabe de libertação nacional. Em termos de objectivos expansionistas, o rosto mais visível deste ataque é a agressão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra a Líbia, em plena coordenação com os regimes reacionários árabes. Houve uma tentativa de encobrir esta agressão sob a fachada de mentiras e de falsos slogans como “difundir a democracia” e “direitos humanos”.

O objetivo principal desta violação da Líbia e o seu saque brutal é sublinhar a coesão do império, que vacila sob o impacto das derrotas e das frustrações sucessivas.

O mesmo pode afirmar-se em relação ao ataque crescente, perfeitamente programado, contra a Síria. Um país que tem uma posição clara contra o imperialismo e o sionismo e os seus planos de expansão regional, um país que apoia os movimentos de resistência e de libertação, ao contrário dos regimes árabes reacionários, do oceano até ao Golfo. Os países imperialistas, tal como os regimes autocráticos traidores do Golfo, investem grandes recursos, utilizando os métodos mais ardilosos e sujos, para derrubar o regime anti-imperialista sírio.

Há muito que o Partido Comunista Sírio vem alertando sobre este perigo. No relatório político à XI Conferência do partido, realizada no mês de Outubro de 2010, afirma-se textualmente: “Está cada vez mais claro que este ataque contra a Síria – com as suas múltiplas vertentes de pressões políticas, ameaças militares, sabotagem econômica e conspirações – pretende levar a cabo transformações radicais que mudem o rosto nacional da Síria, incluindo o derrube do actual regime, que assenta sobre uma ampla aliança nacional e cujo principal objetivo é proteger e reforçar a soberania nacional”.

No que diz respeito à situação atual na Síria devem ser destacados os seguintes aspectos:
- Os planos do imperialismo e da reação interna para derrubar o regime anti-imperialista sírio por meio de amplas revoltas populares generosamente apoiadas pelos regimes reacionários do Golfo fracassaram, porque a maioria das massas populares, sobretudo nas principais cidades do país, não se deixaram arrastar para esse caminho. Pelo contrário: em Damasco, Alepo e muitas outras cidades sírias houve manifestações maciças para condenar a conspiração e para clamar contra o imperialismo, o sionismo e os árabes reacionários.

- Depois deste fracasso, as forças reacionárias optaram por novos e criminosos métodos, como os assassínios seletivos, em alguns casos matanças coletivas de caráter sectário, e ações de sabotagem (como colocar bombas em vias férreas e tentativas de incêndio em fábricas, em particular das que pertencem ao setor público).

É de sublinhar que os assassínios seletivos têm sobretudo como alvo homens da ciência e da cultura (investigadores, médicos, etc.) bem como militares altamente especializados como os pilotos, de forma a enfraquecer a capacidade de defesa nacional. As matanças coletivas perpetradas pelos terroristas foram inteiramente indiscriminadas, sem poupar crianças, mulheres e velhos, com o objetivo de semear o ódio e de minar quaisquer perspectivas de estabilidade.

- Paralelamente à crescente pressão sobre a Síria, há muito exercida pelos Estados e centros imperialistas ou pelos regimes árabes reacionários vinculados a esses centros, instrumentalizando a Liga dos Estados Árabes, os árabes reacionários desenvolvem uma frenética atividade no sentido de proporcionar ao Conselho de Segurança e a outros órgãos da ONU um pretexto para assumir iniciativas de agressão com a cobertura da chamada legitimação árabe, que constitui uma completa falsidade. Para além disso, os regimes do Golfo têm vindo a apoiar generosamente todos os movimentos reacionários que operam na Síria.
- A Turquia – que é o braço da Otan na região – desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de todo o tipo de pressões sobre a Síria, desde as pressões políticas às pressões econômicas, até ao apoio directo às organizações terroristas armadas e ao acolhimento nesse país dos chefes dessas organizações.

O regime sírio tem aprovado numerosas leis e regulamentos visando a ampliação das liberdades democráticas no país. Mas esta abertura tem deparado com a rejeição dogmática por parte das forças reacionárias. Estas forças estão, em colaboração com os infiltrados pelo imperialismo e com o sionismo, a tentar derrubar o regime. Enquanto a Síria mantiver a sua posição anti-imperialista, os projetos de expansão imperialista para o Mediterrâneo Oriental não poderão ser plenamente concretizados, em particular o novo grande projeto para o Próximo Oriente ou, dito de outra forma, o grande projeto sionista.

A posição do Partido Comunista Sírio é clara: combater os planos imperialistas e apoiar o regime nacional e a sua posição anti-imperialista, assim como defender as reformas democráticas que, nas suas linhas gerais, se aproximam das indicações do programa do nosso partido em relação a essa matéria. Do mesmo modo, combater sem tréguas pela mudança da orientação econômica neoliberal e toda a legislação em que se apoia. Não devemos nunca esquecer que foi essa orientação que abriu espaço para o trabalho subversivo das forças reacionárias. Com a retificação dessa orientação, se refoçará a posição anticolonial da Síria e o apoio das massas a esta política.

Quando analisamos a situação na Síria devemos ter em conta que as forças de oposição não constituem uma alternativa democrática. A tropa de choque reacionária é a organização dos Irmãos Muçulmanos, que vem cometendo atrocidades em estreita aliança com o imperialismo e os árabes reacionários, ao mesmo tempo que os liberais de todos os matizes são utilizados como cortina de fumo para ocultar essas forças obscurantistas.

Preparemos o nosso povo para qualquer eventualidade, incluindo a luta contra uma agressão militar. Estamos seguros de que, caso essa agressão se venha a concretizar, a Síria constituirá um cemitério para os agressores. O povo sírio possui um grande património nacional de luta contra o colonialismo. Não foi em vão que um dos mais inteligentes representantes do imperialismo francês, Charles de Gaulle, disse: “É uma ilusão pensar que é possível submeter a Síria”; sim “a Síria não ajoelha”.


Fontes: ODiário.info, Vermelho, 13 IMCWP

Os verdadeiros covardes vão para Teerã


Pepe Escobar, Asia Times Online

Imagine o sonho molhado clássico dos neoconservadores dos EUA: olham o Irã num mapa e salivam, vendo entroncamentos entre Europa e Ásia, entre o mundo árabe e o subcontinente indiano, entre o Mar da Arábia e a Ásia Central, com 10% das reservas comprovadas de petróleo (mais de 150 milhões de barris) e 15% das reservas comprovadas de gás do mundo – um complexo de energia maior que a Arábia Saudita e fiscal das rotas de energia do Golfo Persa para o ocidente e a Ásia, pelo Estreito de Ormuz.

É feito um capitão de poltrona gordo e flácido, hipnotizado por bailarina competente que dança em seu colo. Você será minha, honey. É mudança de regime na veia. Vamos expulsar de lá o dono daquele boteco. Se não... O pessoal vai começar a falar: que porcaria de potência hegemônica franga é essa?!

E assim os neoconservadores ganharam seu pacote de Ano Novo, com as sanções/embargo do governo de Obama contra o Irã, devidamente replicadas pelos poodles europeus. Mas não era para dar no que deu. A bailarina de lap dance saltou e aplicou uma chave de pescoço no capitão de poltrona: agora, quem está sufocando é ele, não ela. A coisa toda está... dando chabu! Exatamente como a outra Grande Ideia dos neoconservadores – a invasão, ocupação e inevitável derrota no Iraque, que já custou mais de US$1 trilhão.

Baby, me embargue de novo

Revisemos algumas das provas mais recentes. Teerã mandou dois navios de guerra pelo Canal de Suez, rumo ao Mediterrâneo; bloquearam – nada mais nada menos – o porto sírio de Tartus. Nem faz muito tempo, o ditador já caído em desgraça e amigo íntimo da Casa de Saud teria, provavelmente, bombardeado os dois navios.

Teerã cortou as exportações de petróleo para os dois principais europeus poodles de guerra, Grã-Bretanha e França. É só 1% das importações britânicas e 4% das francesas – mas a mensagem é clara: se os países Club Med já em depressão insistirem em acompanhar os doidos-por-guerra anglo-franceses, os próximos serão eles.

O barril de cru já está custando $121 – preço mais alto, em oito meses. West Texas Intermediate, negociado em New York, está em torno de $105. O cru brent é crucial, porque determina o preço da gasolina ao consumidor em quase todos os EUA e Europa Ocidental. Os neoconservadores juraram sobre suas Bíblias e Torahs que o preço não subiria. Já subiu – funcionando como relógio e provando mais uma vez que eles sabem, sobre especulação, o que sabe um bebê de dois anos (com todo o respeito pelos bebezinhos).

O que Teerã está perdendo por causa das sanções – em termos de menores exportações para a Europa – está sendo largamente compensado pelo aumento do preço do petróleo causado pela obcecação por guerras dos neoconservadores doentios. Como se não bastasse, Teerã venderá mais petróleo para seus principais clientes asiáticos – China, Índia, Japão e Coreia do Sul; e até a Turquia, vejam só, em planos variados de diplomacia, já disse que Washington vá lamber sabão e cuidar da própria vida.

Como Asia Times Online já noticiou, demorou um pouco, mas Irã e China acabam de selar um novo acordo de preço do petróleo. E o gasoduto Irã-Paquistão é questão resolvida. E Afeganistão e Paquistão – como o Irã – querem muito ser admitidos à Organização de Cooperação de Xangai [ing. SCO], acelerando a integração econômica regional.

O fato de os lobbystas pró-Israel que redigiram o pacote de sanções não terem previsto que tudo isso aconteceria só prova, mais uma vez, que vivem a vida vegetativa de homens ‘de ação’ de capitães de poltrona.

Os papagaios neoconservadores ficaram agarrados à conversa fiada das “sanções debilitantes” e blá-blá-blá. Ou à porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, casada com o neoconservador Robert Kagan, que garantia que todos esses países seriam pressionados a fazer o que pudessem “para aprofundar as sanções, sobretudo para que se desliguem do cru iraniano.” Ninguém está “se desligando” de coisa alguma, exceto os poodles europeus especialistas em se autoderrotar.

Está também aí, afinal exposto, o mito da ‘capacidade reserva’ da Arábia Saudita. Não existe. As reservas sauditas diminuem à velocidade de 3% ao ano (a Arábia Saudita está exportando 11,8 milhões de barris/dia, e diminuindo). Além do mais, a Casa de Saud não quer extrair mais óleo, porque precisa dos altos preços, para continuar subornando a própria população, para que ninguém pense em primaveras árabes.

Mas há ainda uma cereja sobre o bolo, deliciosa demais para deixar sem anotar. Apesar das ‘sanções debilitantes’, o banco de investimentos Goldman Sachs não excluiu o Irã de sua seleção dos “Next 11”[1] nem do cálculo do novo índice que regerá um novo fundo de investimento nos N-11 e que Goldman Sachs criou no ano passado[2]. O Irã continua avaliado como uma das cinco nações em desenvolvimento que têm “produtividade e sustentabilidade de crescimento acima da média”. Talvez uma Britney Spears persa devesse cantar “Baby, me embargue de novo”.

Baby, estou chegando p’ra pegar você

Do ponto de vista de Washington, a única coisa que realmente conta na interminável disputa nuclear é se o Irã pode ou não chegar a ter capacidade para construir uma bomba atômica em tempo recorde, para o caso de a liderança em Teerã ficar absolutamente convencida de que o Irã será atacado pelo eixo EUA-Israel.

É exatamente o que disse o diretor da Inteligência Nacional dos EUA James Clapper, em audiência na Comissão das Forças Armadas do Senado, na 5ª-feira passada: que o Irã “é mais que capaz de produzir urânio enriquecido em quantidade suficiente para uma bomba, se os líderes políticos, especificamente, o Supremo Líder, decidir que assim seja.”[4]

O que Clapper não esclareceu é que Teerã está enriquecendo urânio a apenas 3,5%; para bomba atômica, teria de chegar a 95% de enriquecimento – o que seria imediatamente detectado pela Agência Internacional de Energia Atômica.
Se acontecer – e há aí um imenso “se” –, não haverá como impor “mudança de regime” por lá, se a mudança tiver de vir de fora. E, assim, bye bye ao Grande Prêmio em petróleo e gás sonhado por todos, do realista Dr. Zbig Brzezinski ao ex-Darth Vader, Dick Cheney.

E lá estará a Ouroboro, tudo de novo – a serpente que morde o próprio rabo. Temos de bombardear para mudar o regime, e a bailarina lambuzada de petróleo dançará no nosso colo de rico.

O problema é que nem o governo Obama nem os principais generais do Pentágono estão convencidos de que seja bom negócio.

Para o comandante do estado-maior das forças conjuntas dos EUA, general Martin E. Dempsey, “Seria prematuro decidir exclusivamente que tenha chegado a hora, para nós, da opção militar”.

E o tenente-general Ronald Burgess, diretor da Agência de Inteligência da Defesa, disse ao Congresso na 5ª-feira que “é pouco provável que o Irã inicie ou provoque intencionalmente um conflito.” Não surpreende: o próprio Dempsey admitiu que a liderança em Teerã, ao contrário do que nunca se cansam de repetir os ‘especialistas’ da imprensa neoconservadora, “é ator racional”.

E isso faz alguma diferença para os neoconservadores e sua legião de lambe-botas midiáticos? Não. De fato, não lhes faz qualquer diferença. Até que consigam algum idiota para guerrear por eles – como, por exemplo, um presidente Republicano –, os verdadeiros covardes continuarão indo para Teerã, dia e noite, no mais molhado de seus sonhos molhados.

Tradução: Vila Vudu

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Risadas inglesas sobre as Ilhas Malvinas

A medida que se acerca o próximo 2 de abril – trigéssimo aniversário da Guerra das Malvinas – a imprensa ocidental propaga notícias sobre supostas “crescentes tensões entre Gran Bretanha e Argentina”. A verdade, porém, é que os britânicos meramente necessitam reafirmar urbi et orbi sua soberanía sobre aquelas ilhas desoladas, varridas pelo vento, ricas em petróleo e estratégicamente localizadas no Atlântico Sul.
De forma que quando Reino Unido despachou seu destroyer mais potente – o moderníssimo ‘HMS Dauntless’ – e um submarino nuclear às Malvinas, seguramente aguardavam ansiosamente a previsível reação da presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner. Pois enquanto que ao longo das últimas três décadas os britânicos se dedicaram a construir uma poderosa base militar nuclear nas Malvinas que serve aos interesses estratégicos do Reino Unido e EUA na região, como castigo por ter se atrevido a recuperar essas Ilhas em 1982, foi imposta à Argentina uma “democracia” de corte estadunidense controlada pelo poder do dinheiro.
Portanto, desde que a “democracia” regressou à Argentina em 1983, seus sucessivos governos foram de mal a pior, afundando o país cada vez mais. Desde o presidente Raúl Alfonsín (que conduziu o país diretamente a um colapso hiperinflacionário em 1989), passando pelos presidentes Carlos Menem (quem com a ajuda do seu ministro de Relações Exteriores, logo da Economia e membro da Comissão Trilateral, Domingo Cavallo, desmantelou a economia e as Forças Armadas); Fernando de la Rúa (quem em 2001 arrastou o país às cegas ao pior colapso financeiro de sua história, e mais tarde trouxe de volta Cavallo!); Eduardo Duhalde; até Néstor Kirchner e sua hoje sucessora-esposa eleita “a dedo” pelo mesmo: Cristina Fernández de Kirchner. Na verdade, os Kirchner simpatizam tanto com os grupos terroristas dos anos setenta cuja violência preparou o caminho para o golpe militar de 1976, que muitos de seus membros hoje ocupam cargos relevantes em seu governo.
Estes sucessivos governos da “democracia” têm algo em comum: mantiveram no alto duas bandeiras chaves em total alinhamento com os interesses e objetivos dos Donos do Poder Global:
1) JAMAIS investigaram a origem da ilegítima e gigantesca dívida externa argentina contraída sob o regime cívico-militar que usurpou o poder entre 1976 e 1983. Dita dívida deveria ser repudiada como “Dívida Odiosa” segundo as leis internacionais; e, para assegurar-se que o que isto jamais acontecesse e que os Donos do Poder Global mantivessem seu controle integral sobre o país,
2) DESMANTELAR SUAS FORÇAS ARMADAS – Isto foi quase plenamente conseguido; a tal ponto que hoje a credibilidade e capacidade dissuasiva militar argentina é nula; não só ante Gran Bretanha (e EUA) contra quem lutamos em 1982, senão perante vizinhos tradicionalmente aliados com Gran Bretanha e EUA, como Brasil e Chile, que sim mantêm forças armadas modernas, profissionais e críveis.
Quando a presidenta Kirchner falou em cadeia nacional de rádio e televisão para anunciar o que seu Governo fará perante a renovada agressão colonialista britânica, ela disse que:
1) Argentina denunciará o “colonialismo” britânico perante a ONU (…os ingleses são colonialistas há uns cinco séculos);
2) O Governo argentino divulgará o conteúdo do “Informe Rattenbach” redigido há quase trinta anos por um general falecido, onde se demonstra que a junta militar liderada pelo General Leopoldo Galtieri cometeu um acúmulo de erros políticos, diplomáticos, militares e estratégicos (como se nós não soubéssemos disto!);
3) Argentina jamais, jamais contemplará ações militares contra o Reino Unido nas Malvinas (como se tivéssemos capacidade para isto!).
Tudo isto soou como música para os ouvídos britânicos.
Mas, por quê tanto ruído e justo agora?
Do que se trata – e sempre se tratou – é de preservar quatro objetivos geopolíticos angloestadunidenses:
1) Preservar seu poderio geopolítico sobre o Atlântico Sul;
2) Projetar o poderio angloestadunidense sobre a Antártida, onde as reinvidicações territoriais do Reino Unido e EUA se sobrepõe com semelhanças às da Argentina (que práticamente se retiraram do Continente Branco), e Chile (que não constituem problema por ser um tradicional aliado do Reino Unido);
3) Projetar o poderio estadunidense e britânico sobre a inmensamente rica e perigosamente sub-povoada Patagônia Argentina, cujas costas estão viradas para as Ilhas Malvinas, e último mas não menos importante;
4) Petróleo!
O petróleo é sempre um fator chave para as “democracias ocidentais”, que seus obedientes meios de comunicação globais procuram ocultar. Seja na Líbia, Iraque, Irã, Afeganistão, Venezuela ou, no Atlântico Sul. Recentes estimativas indicam que na plataforma continental sob o Mar Argentino, de cujas águas relativamente pouco profundas sobresaem as Ilhas Malvinas, existem reservas de aproximadamente 8,3 bilhões de barris de petróleo. Uma cifra três vezes superior às reservas britânicas, colocando-as em 15º lugar nas reservas petrolíferas mundiais.
Não é então de surpreender os milhares de milhões de libras esterlinas e dólares que estão sendo canalizados para explorar o petróleo malvinense, tão importante em momentos de crescentes tensões no Oriente Médio e no Golfo Pérsico.
Gigantescas petroleiras como Hess, Noble e Murphy (EUA), Cairn Energy, Premier Oil (Reino Unido) e, Anadarko Oil de Houston, estão operando a todo vapor. Anadarko é um caso interessante: conta em seu diretório com o General Kevin Chilton (ex-comandante militar do Comando Estratégico Militar dos EUA) e o ex-funcionário do Pentágono, Preston M. Geren III.
Por sua vez, a corporação Rockhopper UK Exploration, anunciou que encontrou reservas estimadas em aproximadamente 700 milhões de barris próximos das costas malvinenses.
Dizem alguns observadores agudos, residentes nas costas patagônicas argentinas, que após os “anúncios” de Cristina Fernández de Kirchner na terça-feira 7 de fevereiro, quando o vento sopra desde as Ilhas Malvinas quase podem ser ouvidas as risadas britânicas.
Na verdade, o mais fundamental sentido comúm geopolítico indica que manter forças armadas críveis resulta absolutamente vital para todo país que se respeite a si mesmo. Não para atacar a ninguém – isso podemos deixar para os EUA, Reino Unido, a OTAN e Israel, que o fazem permanentemente – senão como defesa e dissuassão perante, precisamente, esses mesmos países. No caso da Argentina, Inglaterra têm maus antecedentes já que – ao longo dos últimos trezentos anos – tratou repetidamente de invadir a esse país.
Cristina Fernández de Kirchner fez o que todos os políticos argentinos fazem com inusitado talento: ou seja, nada. Pois os “anúncios” de Kirchner da terça-feira passada não só foram aplaudidos pelo seu próprio partido, senão pela quase totalidade da mal chamada “oposição”. Claramente, ela não é a única responsável. Lá nos anos de 1990, sob o governos do presidente Carlos Menem, a Argentina aceitou o que muitos nesse país consideram seu “Tratado de Versalles”, em alusão ao similar tratado devastador imposto em 1919 sobre uma derrotada Alemanha pelo Reino Unido, Estados Unidos e França.
Domingo Cavallo, ministro de Relações Exteriores de Menem, negociou a rendição incondicional argentina perante Gran Bretanha, aceitando um tratado convertido em Lei No. 24.184 por quase unanimidade no Congresso argentino em 11 de dizembro de 1990. Mediante o mesmo, Argentina abria sua economia para a desregulamentação, privatização e endividamento irrestritos, e desmantelava suas Forças Armadas, especialmente na crítica zona patagônica. Pouco tempo depois, aceitaram tratados similares com EUA e a União Europeia.
A realidade é que hoje a Argentina não é um país soberano, já que a independência nacional presupõe que existe a vontade de ser livres; mesmo com o risco de ir a uma guerra. De fato, o último bastião da soberanía nacional de todo país são suas forças armadas. Não é assim no caso da República Argentina! Pois ao não dispôr de forças armadas críveis, mais que uma nação “soberana e independente”, Argentina é meramente um país “ainda não invadido”.
Se amanhã decidissem em Londres, Washington, Brasília, Santiago, a OTAN ou Tel Aviv levar a cabo alguma intervenção militar contra a Argentina, não haveria absolutamente nada que esse país pudesse fazer para evitá-lo. Os britânicos sabem muito bem que isto é assim. Será por isso que estão rindo tanto.

Adrian Salbuchi, o autor, é analista político, conferencista e comentarista de rádio e TV da Argentina.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O Irã será atacado?


Por Paul Craig Roberts

Washington fez tremendos preparativos para um ataque militar contra o Irã. Há especulações de que Washington põe de lado suas duas guerras mais longas, do Iraque e do Afeganistão, a fim de mobilizar forças contra o Irã. Duas das frotas de Washington foram enviadas ao Golfo Pérsico, junto com navios de guerra da OTAN. Mísseis foram espalhados por Washington pelos emirados do petróleo e estados fantoches do Oriente Médio. Tropas norte-americanas foram implantadas em Israel e Kuwait.

Washington deu de presente a Israel um dispendioso sistema de defesa antimísseis, pago pelos já pressionados contribuintes americanos, um dinheiro gasto para Israel quando milhões de americanos sem assistência perderam suas casas. Como ninguém espera que o Irã vá atacar Israel, exceto em retaliação por um ataque israelense ao Irã, o objetivo do sistema de defesa antimísseis é proteger Israel de uma resposta iraniana à agressão israelense contra o Irã.

Juan Cole postou em seu blog um mapa mostrando 44 bases militares americanas ao redor do Irã.

Além dos preparativos militares maciços, há a guerra de propaganda contra o Irã, que está em andamento desde 1979, quando o xá do Irã, fantoche de Washington, foi derrubado pela revolução iraniana. O Irã está cercado, mas Washington e a propaganda israelense retratam o Irã como um país agressor e ameaçador. Na verdade, os agressores são os governos de Washington e Tel Aviv, que constantemente ameaçam o Irã com um ataque militar.

Belicistas neoconservadores, como David Goldman, comparam o presidente iraniano a Hitler e declaram que só a guerra pode detê-lo.

Chefes militares de Washington criaram a impressão de que um ato de agressão israelense contra o Irã é um negócio fechado. Em 2 de fevereiro, o Washington Post noticiou que o diretor do Pentágono Leon Panetta acredita que Israel é capaz de atacar o Irã em dois ou quatro meses.

Também em 2 de fevereiro, Gareth Porter informou que o general Martin Dempsey, presidente do Joint Chiefs of Staff dos EUA, informou o governo de Israel que os EUA não se juntariam a uma agressão de Israel contra o Irã, a menos que Washington tenha dado autorização prévia para o ataque.

Porter interpreta a advertência de Dempsey como um forte movimento empreendido pelo presidente Obama a fim de deter um ataque que envolveria Washington em uma conflagração regional com o Irã. Uma maneira diferente de ler o aviso Dempsey é que Obama quer adiar um ataque ao Irã até que as pesquisas mostrem que ele perderia a eleição presidencial. A experiência diz que o eleitorado patriótico não abandona um presidente que está em guerra.

Em 5 de fevereiro, o presidente Barack Obama anulou a advertência de Dempsey a Israel, quando declarou que estava em "sincronia" com o governo israelense. Obama está em sintonia com Israel, apesar do fato de Obama ter dito à NBC que "não vemos qualquer evidência de que eles [o Irã] têm essas intenções [ataques contra os EUA] ou capacidades." Por estar em sintonia com Israel e, simultaneamente, chamando para uma "solução diplomática", Obama apazigua tanto o lobby de Israel quanto os grupos de paz democrática, aumentando assim os seus votos.

Como escrevi anteriormente, esta primavera é um tempo privilegiado para atacar o Irã, porque há uma boa chance de que a Rússia entre em tumulto por causa de sua eleição de março. A oposição russa a Putin é financiada por Washington e encorajada por declarações de Washington, especialmente as de Hillary Clinton, secretária de Estado. Se Putin ganhar ou se houver um resultado indeciso e um segundo turno, o dinheiro de Washington vai colocar dezenas de milhares de russos nas ruas, tal como o dinheiro de Washington criou a "Revolução Verde" no Irã para protestar contra as eleições presidenciais lá.

Em 4 de fevereiro, jornal britânico olutrora de esquerda The Guardian informou sobre um protesto pré-eleitoral com 120.000 manifestantes anti-Putin, que marcharam em Moscou e exigiam "eleições livres e justas." Em outras palavras, Washington já tem seus asseclas, declarando que uma vitória de Putin em março só pode significar uma eleição roubada. O problema para Obama é que durante a primavera deste ano será cedo demais para dizer se sua reeleição está ameaçada por um candidato republicano. Ir à guerra prematuramente, especialmente se o resultado for um aumento forte nos preços do petróleo, não seria uma ajuda à reeleição.

A disposição dos povos ao redor de mundo a serem meros fantoches de Washington, em vez de cidadãos leais de seus próprios países, é a razão pela qual o Ocidente tem sido capaz de dominar o mundo durante a era moderna. Parece haver um suprimento infinito de líderes estrangeiros que preferem o dinheiro e o favorecimento de Washington à lealdade para com os interesses de seus próprios países.

Como disse Karl Marx, o dinheiro transforma tudo em mercadoria que pode ser comprada e vendida. Todos os demais valores são apagados – honra, integridade, verdade, justiça, lealdade, até os laços de sangue. Nada permanece, senão a torpe ganância. Dinheiro certamente foi o que transformou o primeiro-ministro britânico Tony Blair em uma mercadoria política.

O poder do dinheiro foi trazido para mim em minha casa há muitos anos. O Ph.D. que presidiu minha banca de dissertação viu-se secretário-assistente de Defesa para assuntos de segurança internacional na administração Nixon. Ele me perguntou se eu poderia ir para o Vietnã a fim de administrar os programas de ajuda lá. Fiquei lisonjeado por ele pensar que eu tinha a força de caráter necessária para enfrentar a corrupção, que geralmente frustra a finalidade dos programas de ajuda, mas recusei a atribuição.

Nunca vou esquecer conversa que tivemos então. Warren Nutter era uma pessoa inteligente e íntegra. Ele pensava, independentemente de se a guerra era necessária ou não, que tivéssemos sido levados a ela por trapaça. Ele achava que a democracia não poderia viver com trapaça e se opôs aos funcionários do governo que não foram honestos com o povo americano. A posição de Nutter era a de que um governo democrático tem de confiar na persuasão, e não em truques. Caso contrário, os resultados não seriam democráticos.

Como Nutter percebeu, estávamos em uma guerra, e tínhamos envolvidos os sul-vietnamitas. Portanto, tínhamos obrigações para com eles. Se fôssemos ineficazes, a conseqüência seria prejudicar os compromissos que tinhamos feito com outros países em nosso esforço para conter o Império Soviético. A União Soviética, ao contrário da "ameaça terrorista", tinha potencial para ser uma ameaça real. Quem ficou adulto após o colapso da União Soviética não entende a era da guerra fria.

No decorrer da conversa, perguntei como Washington tem tantos outros governos para apoiar seus lances. Ele respondeu, "Dinheiro".

Perguntei: "Você quer dizer a ajuda externa?"

Ele disse: "Não, sacos de dinheiro. Nós compramos os líderes."

Ele não aprovava isso, mas não havia nada que ele pudesse fazer a respeito.

A compra dos líderes de seus inimigos ou de ameaças potenciais era a maneira romana. Timothy H. Parsons, em seu livro The Rule of Empires, descreve os romanos como "profissionais hábeis de soft power". Roma preferia governar os povos conquistados e os potencialmente hostis através dos "reis-clientes semi-autônomos, que o Senado eufemisticamente chamava de ‘pessos amigas do povo romano’. Os romanos ajudavam monarcas cooperativos a permanecerem no poder com pagamentos diretos em moedas e bens materiais. A aceitação desses subsídios significava que um aliado se vergava à autoridade imperial, e os romanos interpretavam como revolta aberta qualquer desafio à sua vontade. Eles também intervinham livremente nas disputas locais de sucessão para substituir os clientes inadequados."

Esse é o modo como Washington domina. A maneira de Washington de dominar outros países é a razão pela qual não há "Primavera Egípcia", e sim uma ditadura militar como um substituto para o fantoche Hosni Mubarak descartado por Washington, e por que estados fantoches europeus estão lutando guerras de Washington pela hegemonia no Oriente Médio, África do Norte e Central Ásia.

O Fundo Nacional para a Democracia de Washington financia organizações não-governamentais (ONGs) que interferem nos assuntos internos de outros países. É através das operações de ONGs que Washington acrescentou a ex-república soviética da Geórgia ao império de Washington, junto com os Estados bálticos e países da Europa Oriental.

Por causa da hostilidade de muitos russos a seu passado soviético, a Rússia está vulnerável a maquinações de Washington.

Enquanto o dólar dominar, o poder de Washington vai dominar.

Quando Roma degradou para chumbo seu denário de prata, o poder de Roma para comprar obediência desvaneceu. Se "Helicopter Ben" Bernanke inflar muito o poder de compra do dólar, o poder de Washington vai desvanecer também.


Tradução: Vila Vudu

domingo, 5 de fevereiro de 2012

“Israel é um câncer que precisa ser extirpado”, declara o Ayatollah Ali Khamenei



Um discurso anti-Israel foi proferido pelo líder iraniano Ayatollah Ali Khamenei na sexta-feira, por ocasião do bem sucedido lançamento de satélite pela República islâmica do Irã, em resposta às declarações de governantes israelenses de que o país pode atacar as usinas nucleares do Irã, apesar das falsas objeções dos EUA.

"De agora em diante, vamos apoiar e ajudar qualquer nação, movimento ou grupo que lute contra o regime sionista em todo o mundo, e não temos medo de declarar isso", disse Khamenei durante uma palestra na oração de sexta-feira na Universidade de Teerã.

"O regime sionista (Israel) é um verdadeiro tumor cancerígeno nesta região que deve ser extirpado", disse Khamenei. "E isso definitivamente vai ser extirpado."

A maioria da retórica de Khamenei não é nova. Mas o momento e a definição de seu discurso aumentaram o impasse que, segundo alguns analistas, tem o potencial para desencadear uma ação militar que romperia a coalizão internacional que surgiu para enfrentar o Irã sobre seu programa nuclear e comprometer os mercados de petróleo e as frágeis economias de alguns países da Europa, além dos Estados Unidos.

As declarações de Khamenei esclarecem definitivamente o jogo de cenas em que se transformaram as negociações nucleares entre Irã e potências ocidentais. Seu discurso ilustrou sua convicção de que o Irã não vai de dobrar frente os "poderosos arrogantes", um termo usado no discurso político iraniano para descrever os Estados Unidos e seus aliados.

Khamenei disse que Israel tornou-se "enfraquecido e isolado" no Oriente Médio devido às revoluções - que ele chamou de "despertar islâmico" - que se espalharam pela região.

Ele sugeriu que o apoio do Irã ao grupo militante palestino Hamas e Hezbollah do Líbano ajudou a levar a vitória em suas batalhas contra o "estado sionista", como Israel é chamado oficialmente no Irã.

"Nós nos envolvemos nas questões anti-israelense, que resultou nas vitórias nas guerras de 33 dias e 22 dias", disse Khamenei, referindo-se a guerra de Israel com o Líbano em 2006 e sua incursão na Faixa de Gaza no final de 2008.

O discurso de Khamenei ocorreu horas depois da estatal do Irã informar à imprensa que o país havia lançado um satélite ao espaço, transportado por um foguete caseiro.

O lançamento faz parte de uma série de festividades de comemoração ao 33º aniversário da Revolução Islâmica do Irã, que culminou com o colapso da monarquia em 11 de fevereiro de 1979.

A tv estatal informou que o satélite Navid Elm o Sanat ("Boa mensagem da ciência e da indústria") traz câmera e avançados dispositivos de telecomunicações, tendo sido inteiramente concebido e produzido em território iraniano.

O presidente Mahmoud Ahmadinejad juntou-se ao lançamento a distância, via videoconferência e disse que estava esperançoso de que o lançamento "enviará um sinal de mais amizade entre todos os seres humanos", informaram as agências de notícias.

O programa espacial iraniano é pacífico mas o imperialismo norte-americano e a entidade sionista tentam convencer as nações ocidentais que os foguetes podem ser usados para ataques regional e - se o país fosse para produzir uma arma nuclear - ser equipados com uma ogiva nuclear. O Irã tem afirmado repetidamente que seu programa de mísseis é apenas para fins defensivos.

O satélite Navid irá orbitar a Terra a uma altitude de até 234 quilômetros, informou a Agência de Notícias da República Islâmica.

Navid é o terceiro satélite que o Irã lançou durante os últimos anos e o primeiro dos três a serem lançados no início de 2012. O satélite Irã Omid foi lançado em 2009 e o Rasad em 2011. Ambos ficaram três meses no espaço. O primeiro satélite iraniano, Sina-1, foi construído e lançado pela Rússia em 2005.