sábado, 7 de julho de 2012

Vice presidente do Irã acusa judeus sionistas de comandarem o tráfico de drogas no mundo

O vice-presidente do Irã, Mohammad Reza Rahimi, aproveitou o espaço de uma conferência internacional sobre drogas nesta terça-feira em Teerã para fazer um discurso que revela porque a imprensa ocidental deseja uma guerra ao Irão: ele afirmou que os judeus sionistas (aqueles que controlam o sistema financeiro internacional e grande parte da mídia ocidental) de controlarem o tráfico de drogas no mundo.
Ele acusou o livro sagrado do Judaísmo, o Talmud, de ensinar como dominar os demais povos do mundo e espalhar as drogas ilegais pelo mundo.
Diplomatas europeus que ouviam o discurso ficaram chocados. Alguns europeus que estavam na conferência — patrocinada em conjunto por Irã e Estados Unidos — se questionaram sobre a motivação do governo para permitir um discurso nesses termos, ainda que haja uma ameaça constante de Israel de atacar as instalações e usinas nucleares iranianas. Mais de 25 mil judeus vivem no Irã e são reconhecidos como uma minoria religiosa, tendo um representante no Parlamento.
O discurso pode isolar ainda mais o Irã às vésperas da entrada em vigor de uma nova série de sanções econômicas, como o embargo europeu ao petróleo produzido pelo país, por causa das dúvidas sobre o seu programa nuclear. O Irã alega que seu o objetivo é pacífico, mas países ocidentais de governos submissos a Israel suspeitam se tratar de um disfarce para o desenvolvimento da capacidade de produção de bombas atômicas. Em Israel existem mais de 50 bombas atômicas, comprovadas por declarações de cientistas israelenses, mas as Nações Unidas e a imprensa ocidental, de forma hipócrita e mercenária, não questionam e não publicam este fato que ameaça diversos países árabes.
Rahimi disse que o Talmud ensina “a destruir todos os que se opõem aos judeus”. Os “sionistas” controlam o tráfico de drogas, afirmou o vice-presidente, pedindo aos líderes estrangeiros que investigassem suas afirmações. “Sionistas” é a terminologia ideológica usada para se referir aos judeus que pregam a superioridade racial dos judeus (uma forma de racismo condenado pela ONU), defensores e controladores do Estado de Israel.
O vice presidente iraniano lembrou que nas das décadas de 60 e 70, o ex-ministro Ariel Sharon andava pela América do Sul trocando armas israelenses por drogas com os maiores traficantes colombianos. Droga esta que foi depois comercializada por judeus sionistas dentro dos Estados Unidos da América, com apoio de militares norte-americanos, conforme ficou provado no Escândalo Irã-Contras, quando mercenários nicaraguenses recebiam dinheiro proveniente da venda de drogas nos EUA.
- A República Islâmica do Irã pagará a qualquer pessoa que possa pesquisar e encontrar um só sionista que seja viciado em drogas. Eles não existem. Essa é uma prova do seu envolvimento em tráfico de drogas - disse Rahimi.
O que fez seus comentários ainda mais impactantes é que a luta contra o tráfico de drogas é uma das ações em que o Irã pode contar com a simpatia do Ocidente. As tentativas de frear o fluxo de drogas que vem do vizinho Afeganistão têm sido mencionadas como uma potencial área de cooperação durante as negociações entre as potências mundiais e a República Islâmica sobre o programa nuclear do país. Outro fato alarmante é que durante o governo Talibã a produção de papoula e o tráfico de haxixe foi eliminado, mas assim que os soldados norte-americanos começaram a desembarcar no Afeganistão, a produção e comércio da droga voltou com força total e hoje bate verdadeiros recordes. Jornalistas europeus acreditam que exista uma grande rede operando o transporte de haxixe do Afeganistão para a Europa, com o apoio de militares norte-americanos e sionistas.
Vários ministros iranianos fizeram apresentações sobre o impacto do tráfico de drogas. Antonio De Leo, o representante do Escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês) no Irã, elogiou o país por ser um “parceiro estratégico na luta contra as drogas.”
Rahimi finalizou seu discursos afirmando que “Os judeus sionistas afirmam que Deus criou o mundo de modo a que todas as outras nações sejam seus servos” - disse, mencionando o Talmud. Para eles, “Somente os judeus sionistas são filhos de Deus, e os demais povos são criaturas e não filhos, e as criaturas existem para servir aos filhos”.
Rahimi disse que havia uma diferença entre judeus que “honestamente seguem o judaísmo” e os sionistas que “são os principais membros do tráfico internacional de drogas”. Ele lembrou os judeus do Naturei Karta, com sede em Nova Iorque e sinagogas em diversos países, que não aceitam a criação do Estado de Israel e combatem o sionismo como uma forma de racismo que prejudica o judaísmo.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Au Revoir Sarkozy - O que podemos aprender com a experiência francesa.

Por Juliana Medeiros

Acompanho com interesse o processo eleitoral na França desde 2007, quando Sarkozy concorreu com Ségolène Royal. Esta, por sinal, ex-mulher do socialista François Hollande, eleito hoje presidente. Já naquela época me assustou a vitória do presidente Nicola Sarkozy falando de “proteção às “origens e tradições” da França, contra uma candidata que falava em “integração, solidariedade e pluralismo”.

Pode parecer distante, mas acompanhar os debates entre candidatos na França é uma grande lição para nós brasileiros. Recomendo a quem tiver interesse, buscar os textos dos discursos (alguns disponíveis em português na internet) dos candidatos François Hollande, Jean-Luc Menlechón, Marine Le Pen e do agora derrotado Nicola Sarkozy. Com todas as demonstrações de intolerância e xenofobia dos dois últimos, a corrida eleitoral francesa é uma aula de democracia, soberania e de autonomia do seu povo.

Não posso afirmar com certeza se isso acontece da mesma forma em outros países da Europa porque não acompanho seus processos eleitorais tão de perto, mas acredito que seja parecido, principalmente se observada a escolaridade média do europeu. Esse indicador social faz com que nenhum candidato na França possa prescindir de uma profunda formação política, do conhecimento detalhado das políticas públicas contidas em suas propostas, do domínio do discurso – não como mera ferramenta de retórica eleitoreira – mas sim de convencimento de um público que conhece sua história e que contextualiza essa história com o mundo em que vive, econômica e socialmente. E isso considerando que os candidatos falam hoje, em grande parte, para uma França também de imigrantes, miscigenados, pobres e desempregados.

Prova-se, a meu ver, acompanhando as eleições francesas, que a disputa se dá entre os que sabem do que é constituído o seu povo: pessoas que passaram por uma escola de formação crítica. E que, independente do resultado, jamais poderão deixar de respeitar esse aspecto do eleitorado.

Não é possível, na França, subestimar a audiência. Há que se colocar as cartas na mesa e correr o risco.

Por outro lado, é humilhante perceber que em nosso país ainda são o “pão e circo” e o investimento pífio em educação, os fiéis da balança na disputa eleitoral. Aqui, não vale a profundidade do discurso, o conteúdo das propostas. Vale o “dom da oratória” e uma boa dose de “toma-lá-dá-cá”. Seja nos bastidores da política ou nas trocas simplórias voto a voto. E isso em todos os níveis, já que internamente, os partidos também costuram suas alianças visando seus próprios interesses, sem observar os objetivos ou resultados que pretendem alcançar.

O recém-nomeado Ministro do Trabalho, Brizola Neto, por exemplo, sente agora o peso desse jogo. Ainda que apoiado por maioria sindicalista (grupo que fez a diferença na França), precisa lidar com o racha em seu próprio partido, além de ter que se desviar a todo o momento de uma cobertura midiática nefasta, que juntos, talvez o impeçam de aplicar seu programa trabalhista. E o mais triste é que a rotina massacrante imposta à maioria do trabalhador brasileiro, não o deixará sequer perceber que isto está acontecendo. Salvo uma ou outra piada descontextualizada em programas de humor que hoje apenas cumprem um papel alienante de desviar a atenção de nossas mazelas – e assim como outros assuntos de suma importância para o cotidiano do trabalhador – um neto de Leonel Brizola no Ministério do Trabalho infelizmente, e provavelmente, passará despercebido.

Na França isso seria impossível, o cenário eleitoral obriga os candidatos a politizarem o discurso. Por exemplo, a representante da Frente Nacional, Marine Le Pen, passou a campanha tendo que explicar até onde suas propostas se enquadravam ou não nas ideias do pai, Jean-Marie Le Pen, que sempre defendeu abertamente posturas radicais de direita como a pena de morte e a oposição severa à imigração. Se ela tentasse ignorasse esse fato, o eleitorado não o faria. Por aqui, filhos de conhecidos políticos, apenas cumprem o papel de perpetuar a dinastia de suas famílias no poder.

A média do eleitorado brasileiro, infelizmente, sequer conseguiria entender os debates entre candidatos franceses, recheados de referências históricas, de conceitos tirados das ciências políticas e de dados estatísticos de controle que são acompanhados diariamente pelos franceses. A transparência e o controle dos gastos públicos – e também dos meios de comunicação – são realidade há anos na França e estão naturalmente contidos no discurso de todos os candidatos, sem distinção. Ao contrário daqui, onde a publicidade e o controle são assuntos constrangedores aos quais estamos resistindo a nos adaptar.

Outra observação é que os candidatos na França, talvez justamente por conhecerem a formação política do eleitorado, não estão em cima de muros ideológicos. No Brasil, convencionou-se dizer que “não se sabe mais o que é esquerda ou direita” afinal, o “mundo está em crise”. Talvez por isso, os candidatos por aqui costumam se denominar “de esquerda”, de uma maneira genérica, sem identificar a raiz ideológica. E os de direita, salvo raras exceções, passaram todos a se autodenominarem “de centro-esquerda” ou “de centro”, ou ainda, “democratas”! Vale tudo para fugir da maldição da “direita”. A mídia de maioria elitista tenta disfarçar o peso de sua influência em nosso processo elitoral, com a manipulação desses estereótipos. Por isso, apesar das críticas diárias que recheiam a programação, está na moda ser “de esquerda” no Brasil.

A França que dá adeus à Sarkozy, prova que a prática política em lugares onde o povo não pode ser facilmente enganado com superficialidades, exige que os candidatos se assumam como realmente são: “socialistas”, ou “revolucionários”, ou até de “ultra-direita”. Cada um crava sua bandeira no peito com orgulho e a usa para dar o tom de sua proposta, sempre absolutamente alinhada à sua coloração.

François Hollande não é o candidato dos sonhos dos movimentos de “Occupy” que vem sacudindo alguns países da Europa e do mundo desde o ano passado. Este seria Mélenchon, da Front de Gauche, que alcançou impressionantes 11% dos votos (uma verdadeira zebra que desequilibrou a disputa polarizada entre os dois principais candidatos). O novo presidente da França tem ainda contra si uma estranha inclinação ao modelo Obama de governar que, mesmo considerado “populista” em seu próprio país, não tem sido muito diferente da política bélico-expansionista dos ex-presidentes Reagan, Clinton e Bush, pai e filho. E com base nessa política, é bom lembrar, os mais de 50 mil civis mortos na Líbia, não poderão comemorar a derrota de Sarkozy.

No entanto, mesmo se analisarmos o crescimento vertiginoso dos votos de ultra-direita obtidos por Marine Le Pen no primeiro turno, pode-se dizer também que a maioria, na França, rejeitou o discurso inspirado em certa eugenia, afinado com um tom negacionista, do ex-presidente Sarkozy. A França ainda não sabe por onde ir, mas hoje declarou que sabe bem por onde não quer ir.

Hoje, 06 de maio de 2012, a França declara não querer ser dividida, intolerante, xenófoba. E afirma também que não aceita estar numa disputa por espaços no mercado de trabalho contra os estrangeiros que buscam abrigo no país da Revolução Francesa. Pedaço da história, aliás, que pode ser descrito por cidadão de qualquer origem que tenha passado pelos bancos escolares na França. E não por acaso também esteve, com olhares diferentes, presente nos discursos. Para os franceses, o conhecimento é prioridade e, mais ainda, é imprescindível dominar o conteúdo histórico mais fortemente inserido na cultura francesa.

Infelizmente, em terras tupiniquins, o conjunto do nosso sistema de educação, os livros didáticos, a formação básica dos professores, o investimento na estrutura das escolas (incluindo as privadas, ainda que melhores que as públicas), impedem os estudantes brasileiros de fazerem o link dos fatos históricos com os acontecimentos cotidianos. Ou seja, boa parte dos brasileiros, de qualquer idade, não consegue entender porque as eleições na França podem fazer diferença sim, em sua vida. E a maioria não vai perceber, mas fará diferença cada vez mais nesse mundo globalizado, eleições num país que está em 5ª lugar dentre as potências econômicas mundiais, ou até na longínqua Grécia, que também enfrenta agora eleições em meio à uma grave crise econômica. Mas não duvidem, franceses acompanharam de perto as eleições brasileiras e sabem do peso de termos tido por aqui um ex-operário e hoje uma ex-guerrilheira como presidentes.

Com a vitória de Hollande dá para ter esperanças em um retorno às origens, à França da Liberté, Igualité e Fraternité. E esperanças, talvez, de que toda essa transformação na Europa, impulsionada por movimentos populares, nos inspire também a lutar por uma formação mais crítica, mais humanista e mais internacionalista.

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* Juliana Medeiros é jornalista.

sábado, 28 de abril de 2012

PT de Curitiba aprova aliança com PDT de Gustavo Fruet no primeiro turno


Por 167 contra 128 votos, o PT de Curitiba aprovou, por volta das 13h deste sábado (28), a aliança com o PDT de Gustavo Fruet já no primeiro turno das eleições municipais. A maioria dos quase 300 delegados que compareceram ao 18º Encontro Municipal do PT de Curitiba, que definiu a tática eleitoral e política de alianças para as eleições deste ano, votou em favor da tese da aliança, em detrimento da candidatura própria. O fato é inédito na história da legenda, mas defendido como estratégia para tirar do poder o grupo conservador que governa Curitiba há três décadas.

O encontro prossegue após um recesso para almoço com a votação das moções do plenário e o desafio do partido será unificar as forças que disputaram o encontro em torno do resultado da votação deste fim de semana.

Opiniões:

Deputado estadual Tadeu Veneri – “O sentido de unidade é que determinará se seremos companheiros nas próximas caminhadas, não temos mais chapa um e chapa dois. Saímos com alma grande para enfrentar os próximos desafios e é com essa alma grande que vamos derrotar o PSDB”.

Ministra Gleisi Hoffmann – “Terminamos um processo de debate, de disputa e de diálogo que reuniu os militantes do partido0. É essa militância que faz do PT um partido diferente. Vence mais uma vez a democracia interna. O PT vai dar sustentação ao processo eleitoral”.

Ministro Paulo Bernardo – “Gustavo Fruet é uma pessoa que tem disposição para compor uma aliança, não só agora, mas também em 2014. O mais importante é definirmos o que vamos fazer em Curitiba. O grupo que está aí hoje não resolve os problemas estruturais. Os grandes problemas de mobilidade a Dilma que está resolvendo. Quem faz políticas sociais aqui é o governo federal através do Bolsa Família e do PAC”.

Deputado Federal Dr. Rosinha – “A partir de agora não tem chapa um e chapa dois, tem união e unidade do partido para vencer as eleições de Curitiba”.

Secretário Geral do PT Nacional Elói Pietá – “Curitiba fez um debate de altíssimo nível com argumentos convincentes dos dois lados, mas em toda disputa precisa se estabelecer a vontade da maioria, que julgou mais adequado fazer a aliança no primeiro turno. A existência, no entanto, de um lado forte que queria a candidatura própria faz com que o programa de governo seja muito debatido para se chegar a uma visão comum sobre os rumos da cidade de Curitiba e os compromissos nos planos estadual e nacional para 2014”.

Presidenta do PT Curitiba, Roseli Isidoro – “O PT sai fortalecido desse processo. O próximo passo é restabelecer o diálogo interno e construir a unidade porque ela vai fazer a diferença na campanha da militância do PT em favor da candidatura majoritária. Também tenho convicção de que essa unidade do partido em conjunto com o PDT vai levar á ampliação da nossa bancada na Câmara Municipal, a exemplo da eleição para o governo do estado em 2010, quando caminhamos junto com o PDT”.



quarta-feira, 11 de abril de 2012

Uma viagem ao belo país de Kim Il Sung e Kim Jong Il





A Coreia Popular no outono é uma palheta de cores, com a vegetação das grandes montanhas preparando-se aos poucos para o inverno. Estas são impressões não apenas da natureza, mas, antes de tudo, de seres humanos – de um povo extraordinário que libertou-se da opressão, venceu uma selvagem agressão e constrói o seu futuro.

Por Carlos Lopes

Nas margens do rio Taedong – essa é a transliteração oficial em português, mas, para nossos ouvidos, a pronúncia em coreano mais se parece com “Dedong” – que atravessa Pyongyang e boa parte do norte da Península da Coreia, viajantes franceses, suecos, alemães, dinamarqueses, espanhóis (havia até um simpático príncipe da casa real de Espanha), italianos, noruegueses, ingleses, e… americanos, sem falar nos chineses e outros cidadãos asiáticos, inclusive japoneses, admiravam os belos monumentos erguidos, detalhada e minuciosamente, pelo povo coreano.
Alguns deles portavam “piercings” e cortes de cabelo pouco ortodoxos, mas eram tratados, sempre, com a mesma gentileza pelos coreanos.
Estávamos no país que a propaganda do establishment americano – repetida até a náusea pela mídia antinacional daqui – chama de país “fechado”, “um dos mais fechados”, ou, mesmo, “o mais fechado” (ou “isolado”) do mundo.
Essa propaganda tem sua lógica própria – a lógica do lobo, um lobo especialmente sanguinário: bloqueiam um país, agridem-no de milhares de formas, tentam trucidá-lo (inclusive através de um genocídio – os EUA admitem que, entre 1950 e 1953, mataram 1 milhão e 500 mil coreanos ao norte do paralelo 38, o que significa, como na cínica frase de Lloyd George, primeiro-ministro inglês durante a I Guerra Mundial, que podemos, pelo menos, duplicar esse número), sabotam-no, boicotam-no, ocupam metade do seu território, passam por cima das eleições e dos acordos internacionais, instalam ogivas contra a parte livre.
Depois disso tudo, segundo a propaganda imperialista, o problema não está no agressor – mas no país agredido, que é “fechado” ou “isolado”.
Nós, aqui no Brasil, já experimentamos, em algum grau, o que eles chamam de “abertura”. Eles gostariam que a Coreia Popular estivesse “aberta” para suas agressões, isto é, que o povo coreano se submetesse a eles. Para isso, realmente, a Coreia Popular está fechada – mas não para os povos do mundo, incluindo o povo norte-americano. Foi o que pensei, enquanto observava os viajantes, não apenas em Pyongyang, mas em Panmunjon e várias outras localidades coreanas. Numa cooperativa agrícola, vi a mensagem, entusiasmada, deixada pelo príncipe espanhol.
A Coreia Popular, realmente, sabe se defender. Na agressão de 1950-1953, apesar da invasão e do bombardeio bárbaro, algo que nem os nazistas fizeram, as hordas norte-americanas, derrotadas, tiveram que recuar, deixando atrás de si 20 km em relação à linha de demarcação anterior. Por esta razão, o limite com a parte ocupada, a Coreia do Sul, localiza-se hoje além do famoso paralelo 38.
Se a Coreia não é ainda o país mais aberto no mundo (será que algum país precisa ser?), isso se deve, exclusivamente, às dificuldades impostas pelo imperialismo dos EUA, e seus satélites. Mas elas não são capazes de impedir o crescente afluxo de cidadãos de todas as partes do mundo.
Realmente, leitor, vale a pena.

A NOITE
Durante vários dias, eu e minha mulher, Sandra, percorremos aquele belo país. Lá pelas tantas, lembrei-me da entrevista de uma repórter, norte-americana de pais chineses (irmã de outra, presa por espionagem ao entrar ilegalmente na Coreia, e generosamente deportada para os EUA, após as desculpas de Clinton), no intragável programa da senhorita Oprah Winfrey – um exemplo escandaloso de como o establishment usa as etnias e parcelas da população que oprime, sobretudo os negros e as mulheres.
Dizia a repórter que os viajantes só se movem na Coreia Popular acompanhados e vigiados por um “guia”, que mostra apenas o que o governo coreano quer que seja mostrado – ao que a insopitável Oprah acrescentou um “oooh…!”, à guisa de comentário.
Com todos os obstáculos do idioma (minimizados, é verdade, pela educação e cultura dos coreanos – muitos conhecem as línguas ocidentais), eu e Sandra, quando nos deu na telha, andamos sozinhos por Pyongyang e outras localidades, sem que ninguém nos aporrinhasse, como se estivéssemos em São Paulo, Rio ou Fortaleza, com a diferença de que os passeios, inclusive noturnos, foram muito mais seguros. Na Coreia Popular, os assaltos não existem – e não é por falta de armas nas mãos da população.
Alguns podem achar que estamos descrevendo uma utopia – mas, não, leitores, é apenas a verdade, e isso não quer dizer que o país não enfrente dificuldades. Enfrenta, sim, e está fazendo o que pode para vencê-las. Mas a desumanização brutal que ainda impera em nossa sociedade – e, mais ainda, em outras ainda dominadas pelo imperialismo – não existe. Lá, o homem, ao contrário da frase do romano Plauto (“homo homini lupus”), tão citada por Hobbes e todos os reacionários que vieram depois, não é o lobo do homem – esse papel está, muito justamente, reservado para a casta financeira dominante nos EUA, que não é composta exatamente pelo que se entende por seres humanos, como mais uma vez se comprovou na Líbia.

IMPRESSÕES
Tive dúvidas de por onde seria melhor começar este relato. As pessoas escrevem para serem lidas, até mesmo os mais obtusos literatos que vivem pregando a “arte pela arte”. Como dar ao leitor uma visão, a mais realista possível, de uma viagem? Depende da viagem. Por pouco não adotei Graciliano Ramos, e o extraordinário livro sobre sua visita aos países socialistas (“Viagem”), como modelo. Mas isso não seria bom, nem justo – os tempos são outros, os países e as experiências, também, e eu não sou Graciliano.
Talvez seja melhor iniciar pelo mais singelo – mas nem por isso menos significativo: pelo fim, pois o leitor não estava lá para descobrir a Coreia, como os viajantes fizeram, a cada passo.
Na véspera de nossa volta, uma jornalista da “Voz da Coreia”, o maior jornal do país, sabendo que sou diretor de redação da Hora do Povo, perguntou-me sobre o que mais me impressionara nos dias que lá passamos.
Respondi: “o olhar das crianças”.
Ela, muito jovem – portanto, sem conhecer pessoalmente as agruras da ocupação japonesa ou da agressão norte-americana -, não entendeu.
No entanto, o diplomata que nos servia de tradutor, com longos anos na África, Portugal, Espanha, e uma rápida estada no Brasil (conhecia a música popular brasileira, em amplitude, mais do que eu, e quase tanto quanto Sandra), entendeu na hora, assentindo. Mas deixou que a jornalista continuasse, sem fazer comentários.
“Mas o que você viu no olhar das nossas crianças?”
Expliquei que as crianças sob fome, ou ameaça de fome, na miséria, ou sob agressão – citei algumas fotos da guerra do Vietnã que nós, aqui, já publicamos – têm um olhar de medo e insegurança. Um olhar de dor. Elas, em maior ou menor grau, temem o futuro, que às vezes é apenas o dia seguinte, às vezes apenas a hora do almoço.
Na Coreia Popular, eu vira crianças com olhar confiante, como se o futuro fosse delas, aquele olhar seguro, só possível quando as necessidades, pelo menos as mais elementares, estão atendidas, e a sociedade oferece a elas a perspectiva, sem lugar para dúvidas, de se desenvolver como seres humanos – o que é o modo humano de existir.
Não me refiro apenas às necessidades materiais, mas também às necessidades (vale dizer: “carências”) psicológicas que só uma saudável vida coletiva, o que inclui a vida familiar, é capaz de atender.
Presenciamos, várias vezes, o cuidado dos coreanos com suas crianças. No país, já sabíamos, essa não é uma missão circunscrita aos pais. Mas não tínhamos visto ainda como isso é profundo nos coreanos.
Um dia, o motorista do automóvel em que nos deslocávamos teve um problema: sua filha ficara doente. Foi imediatamente dispensado para ficar com a filha, e substituído, naquele dia, por um colega. No dia seguinte, nosso tradutor, funcionário graduado do Ministério das Relações Exteriores, formado por algumas das melhores universidades, não somente da Coreia, mas, inclusive, do Ocidente, disse que iria deixar-nos por algumas horas: soubera que a filha do motorista, já melhor de saúde, manifestara vontade de chupar laranjas – e lá foi o diplomata, atrás de laranjas para a filha do motorista.
Pode ser que o leitor já tenha presenciado algum pequeno incidente semelhante a este no Brasil. Há muita gente sensível e generosa entre nós. Porém, terá sigo algo excepcional e admirável. O extraordinário aqui foi a naturalidade como tudo ocorreu – acontecimentos desse tipo não são excepcionais na Coreia Popular; e ninguém, exceto nós, achou que era digno de admiração.
Andando pelo Jardim Zoológico de Pyongyang, onde há tigres brancos, cisnes negros e outros espécimens no mínimo curiosos, vimos o orgulho com que a maior parte das crianças – as que têm idade para tal – exibiam, no pescoço, o lenço vermelho dos pioneiros. Mais ainda, era visível o carinho que os pais demonstravam pelos filhos.
Algum teimoso leitor poderá dizer: mas aqui, na maioria, os pais também demonstram carinho pelos filhos. É verdade, graças aos céus e ao povo brasileiro. Porém, como é difícil, às vezes, depois de trabalhar oito ou mais horas, aguentando patrões (e, o que é pior, prepostos de patrões), com a cabeça cheia dos problemas que nos coloca a própria sobrevivência da família – para não falar da jornada, muitas vezes dupla, das mães -, ter paciência e compreensão com os filhos!
Quantas vezes, leitor, isso não exigiu esforço – e não pequeno – da sua parte? Nem estamos nos referindo aos problemas das crianças – embora eles, também, existam – mas apenas a compreender, como é exigido dos pais, a sua condição de crianças. A situação de vida e trabalho que, via de regra, temos no Brasil, não torna fácil a compreensão dos filhos. Quantos de nós já perdemos, um dia ou outro, a paciência com os filhos, sem que eles tenham feito algo além de ser crianças? E, como consequência, quantos de nós, somente depois de anos, às vezes décadas, depois de adultos, é que conseguimos entender os problemas dos nossos pais, para não falar daqueles que nunca o conseguem?
Problemas assim devem, sem dúvida, ainda existir num país socialista, como a Coreia. Mas o grau em que ocorrem parece muito menor do que aqui – a julgar pelo modo como os pais tratavam os filhos no Zoológico, ou no Parque de Diversões de Pyongyang, ou no espetacular Circo que as forças armadas mantêm para o lazer da população.
O leitor teimoso poderá, ainda, replicar: mas isso foi em público. Como vocês estão certos de que na vida puramente familiar as coisas são assim?
Há, pelo menos, um poderoso indicativo disto: o modo livre, espontâneo, desembaraçado, e educado, como as crianças se comportam. O leitor sabe do que estamos falando – um adulto pode simular um comportamento em público (embora, no caso, estamos falando de milhares de pessoas) que não corresponde ao seu comportamento em particular. Mas, as crianças, quando tentam fazê-lo, só revelam o que a simulação não deveria revelar.
Toda a questão está em que as crianças, na Coreia Popular, não têm apenas a vida familiar como forma de socialização. Por isso, a rigor, não cabe falar, como fizemos acima, em “vida puramente familiar”. Até porque este “puramente” também não existe em nossa sociedade – ou em qualquer sociedade -, como sabe qualquer um que tenha uma televisão em casa.
Milhares de pensadores de todas as épocas, incluindo São Paulo, o nosso Ruy Barbosa, e, dizem, Stalin, afirmaram que “a família é a celula mater da sociedade”. Mas, falar em “célula mater” significa, ao mesmo tempo, dizer que existem outras células além da primeira. Quanto mais o indivíduo se relaciona positivamente com o conjunto da sociedade, mais “socializado”, isto é, civilizado, ele é. E quanto mais “privatizada”, isto é, individualista, a sociedade seja, menos possibilidades existem de algum relacionamento positivo – aliás, como sabemos pelo final da sociedade escravagista e da sociedade feudal, há momentos em que o único relacionamento saudável com uma sociedade é negativo: é ser contra ela, para transformá-la em outra. Estes são, em geral, os períodos mais angustiantes da História – e também aqueles em que pode se abrir uma nova época para o ser humano.
Na Coreia, essa nova época, apesar de todas as dificuldades acarretadas por um cerco que somente não é completo em virtude da vizinhança e da hoje longa amizade coreano-chinesa, já chegou. Portanto, é natural que o comportamento das pessoas, em especial o relacionamento entre pais e filhos, demande muito menos esforços, seja bem mais livre, do que na nossa sociedade. Em poucas palavras, o relacionamento entre pais e filhos exige menos esforço onde a sociedade está a seu favor, e não contra, onde a sociedade facilita esse relacionamento, inclusive através de instituições que estão além da família – o que não se pode dizer, por exemplo, da TV no Brasil, em geral um veículo de infâmias antissociais sobre as crianças.

O PARQUE
Depois de um dia repleto de atividades, um amigo coreano, fluente em castelhano, mas não em português, sugeriu que fôssemos, após o jantar, ao “parque de diversificação”. Pensei que fosse alguma exposição econômica. Estávamos cansados – mais de 11 horas de voo entre São Paulo e Paris, mais 11 de Paris até Pequim, e mais uma hora entre Pequim e Pyongyang, mais os problemas do fuso horário, não são brincadeira para quem já passou dos 50 anos, para falar modestamente (no meu caso, sem modéstia, isso quer dizer que falta pouco para os 60…).
Ainda bem que, apesar do cansaço, aceitamos a sugestão do nosso amigo. Ele, ao tentar falar o português, cometera um pequeno e compreensível equívoco. Tratava-se do Parque de Diversões de Pyongyang.
A construção do parque foi uma ideia do general Kim Zong Un, vice-presidente da Comissão Nacional de Defesa, aprovada pelo presidente desta instituição, e secretário-geral do Partido do Trabalho da Coreia, Kim Zong Il, chamado pelos coreanos “o grande dirigente”. O general Kim Zong Un também dirigiu pessoalmente os trabalhos de edificação do Parque.
É inevitável, para um brasileiro, que a toda hora ocorressem comparações com nossa vida aqui, em nosso país. Meu pai era um operário que durante 40 anos trabalhou em estaleiros, estradas ou em fábricas, mas, nos fins de semana, quando não cozinhava em casa para livrar minha mãe dessa tarefa, fazia questão de sair com a família. Íamos à Quinta da Boa Vista, onde fica o Zoológico do Rio, ou, antes de 1964, quando a situação era muito menos apertada, íamos almoçar com os vizinhos num restaurante alemão que ficava na Rio-Petrópolis. Uma vez até entramos na Hípica, clube granfino que abrira as portas ao público para uma “festa da uva”.
Porém, durante todo o tempo em que trabalhou, jamais meu pai conseguiu sair, com a família ou sozinho, no meio da semana. No dia seguinte, às 5 horas da manhã, em certas épocas até mais cedo, ele tinha que tomar o seu café e ir ao trabalho – do qual chegava sempre bem extenuado.
No entanto, no Parque de Diversões de Pyongyang, numa noite de quinta-feira, havia seis ou sete mil crianças acompanhadas pelos pais – que tinham, todos, o ar inconfundível de trabalhadores. Para brasileiros comuns, como era o nosso caso, seria quase incrível, se não estivéssemos vendo (quase que escrevo “vendo com nossos olhos”, mas é difícil que o leitor presuma que estávamos vendo com outros órgãos…).
O general Kim Zong Un tinha razão ao se preocupar com a diversão do povo. Um governo que não se preocupa com isso, despreza aquilo que Getúlio chamou “o trabalho nacional”, com seu fundamental e decisivo elemento, os homens, as mulheres, e seus filhos.
Não representei muito bem as cores brasileiras no Parque de Diversões. Existe lá uma “punching ball”, aquela bola que os boxeadores esmurram, para testar a potência do soco. Dei um murro com a direita, justamente a mão do braço afetado pela insidiosa Lesão por Esforços Repetitivos (LER). Resultado: meu soco, segundo o medidor, chegou apenas a 40 quilos. Um vexame. O amigo que nos levou ao Parque conseguiu chegar, num único soco, a mais de 200 quilos. Além disso, venceu minha mulher no tiro-ao-alvo eletrônico, matando todos os pombos virtuais que apareceram na tela, vindos dos mais insuspeitados lugares. Também, com o treinamento que os coreanos fazem para defender o país dos americanos, essas coisas devem ser fichinha…

Fonte: Jornal Hora do Povo

terça-feira, 3 de abril de 2012

Líbano e o Brasil irmanados: partido comunista envia saudação


Companheiras e companheiros
Camaradas e companheiros da Luta pela Justiça Social

Do País do cedro, país da luta, país da resistência, país dos mártires.

Do Líbano e seu povo, (amante do Brasil), do Comitê Central do Partido Comunista Libanês, do secretário geral Dr. Khaled Haddadeh e sua vice Drª Marie Nassif Debes, trago-lhes as saudações.

Saúdo-lhes, bravos camaradas, pelos 90 anos da fundação do partido marxista-leninista, o Partido Comunista do Brasil, incansável lutador pelo ser humano e pela justiça social.

As lutas se igualam e se diferenciam; se igualam pelos objetivos, e se diferenciam pelos modos, formas e localidades.

Nós no Líbano travamos lutas internas e externas. Nossas lutas internas contra a política religiosa “onde cada seita tem os seus candidatos e seus representantes no parlamento e em todos os setores do governo”, lutamos por direitos políticos iguais, por um Líbano de uma zona eleitoral única, onde os comunistas e socialistas possam se candidatar pelo Partido e não por uma representatividade religiosa.
Lutamos contra os príncipes da guerra e os homens de poder e do capital, esses príncipes que alimentam a segregação religiosa para impedir a luta das classes; esses príncipes apoiados pelos imperialistas para manter o Líbano em guerras constantes.

A nossa luta externa contra os imperialistas estadunidenses e seus aliados que interferem no nosso país através do câncer que plantaram no seio da nação árabe e que se chama Israel.

Essa Luta, caros camaradas, que tem custado ao Líbano e seu povo muitas vidas, vidas de jovens que morreram e morrem no sul do Líbano, “O PARTIDO COMUNISTA LIBANÊS DESDE OS ANOS 40 VEM LUTANDO CONTRA A OCUPAÇÃO ISRAELENSE DA PALESTINA”, e graças à bravura da nossa resistência, aplicamos uma derrota histórica ao exército inimigo em 2006, exército este que era considerado invencível.

Afirmamos todos os dias o compromisso de não cessar esta luta até a vitoria final. Onde teremos um Líbano livre e soberano, democrático e com justiça social.

O imperialismo estadunidense e seus aliados tentam abortar a luta dos povos em todos os cantos e especialmente no Oriente Médio, na África e América Latina. No Oriente Médio, ora num país ora noutro.

Chamaram este movimento de primavera árabe, e ela é, caros camaradas, um outono, aliás um inverno rigoroso. Destruíram o Iraque e saquearam sua riqueza e mesmo assim saíram dele derrotados; destruíram a Líbia e a dividiram, extorquiram sua soberania e sua riqueza; investiram na vitória dos salafistas na Tunísia e no Egito; transferiram os
depósitos de armas líbias para o Sul da Turquia para abastecer a oposição externa da Síria e treiná-la contra o único país árabe que diz não à Israel e seus planos no Médio Oriente, e com isso desviam a atenção sobre os massacres que comentem contra o povo palestino na Gaza e em toda Palestina.

Desta forma, e unidos aos irmãos da luta, na Palestina e todos os países árabes e também em Porto Rico e outros países, especialmente os latino-americanos, unidos na luta para derrotar o imperialismo estadunidense e seus aliados e cortar os seus tentáculos e alcançar a vitória final contra a discriminação e opressão e pela igualdade e justiça, onde teremos pátrias livres e povo feliz.

Nas comemorações dos 90 anos da fundação do PCdoB, resistente como o cedro do Líbano, resistente como a araucária brasileira, renovamos aqui, nossos compromissos pela luta e renovamos nossas saudações ao Partido Comunista do Brasil, ao povo brasileiro e ao povo da América Latina.

Viva o Brasil!
Viva a luta dos povos!
Viva o Líbano e o Brasil irmanados para sempre!

Kháled Fayez Mahassen
Partido Comunista Libanês – PCL

sábado, 24 de março de 2012

Toulouse: A Al Qaeda dá mais uma força para Sarkozy?




É difícil de acreditar, mas a mídia ocidental insiste que Mohamed Merah seria membro da Al Qaeda. As última cenas do jovem Mohamed Merah dando “cavalo de pau” num BMW não é propriamente a visão de um fanático da Al Qaeda pronto para explodir meio mundo, como quer fazer crer a mídia ocidental. A foto com amigos fazendo gestos com as mãos de gangues mais propensas a curtir baladas e drogas, não condiz nenhum pouco com a visão dos barbudos afegãos.
Mohamed Merah parece mais um desses personagens criados e financiados pela CIA e FBI para entrar em ação nos momentos oportunos. Em plena campanha eleitoral na França, Sarkozy seria derrotado no primeiro turno até o surgimento – providencial? – dos ataques atribuídos ao pretenso brigadista da Al Qaeda. A situação serviu como uma luva para auxiliar Sarkozy, que avançou dois pontos nas pesquisas eleitorais.
Fomentar radicais e extremistas para cometer ataques criminosos e beneficiar os governos terroristas dos EUA e Israel não é apenas uma tática: é política de Estado desses governos que sempre atuaram na ilegalidade.
Em todo o mundo a CIA e o FBI financiam pessoas como Mohamed Merah para praticarem atos como o condenável ataque a uma escola judaica, onde crianças inocentes foram vitimadas. É uma aberração que deve ser repudiada, mas não é muita coincidência que essa ação esteja beneficiando justamente o porta-voz da submissão da França aos interesses norte-americanos e israelenses?
É bom lembrar que nem mesmo Curitiba fugiu à ação criminosa do FBI. Em 2002, dois paranaenses, militantes de movimentos de solidariedade internacional, receberam a “visita” de dois agentes do FBI, que ofereceram dinheiro para que montassem um grupo paramilitar para assassinar judeus. É claro que os paranaenses desconfiaram da armação e mandaram os agentes voltarem para seu país sem nenhum apoio no Brasil. Portanto, se até Curitiba está nos planos dos agentes paranoicos do governo norte-americano, não é de se admirar que Toulouse seja palco de um teatro onde os atores não estão claros, os objetivos não estão definidos e as coisas não estão devidamente explicadas.
Mohamed Merah, o atirador solitário, seja ou não membro da Al Qaeda, prestou um grande serviço ao imperialismo e ao sionismo, ao ajudar a manter no poder um presidente fantoche dessas forças que hoje levam guerra e destruição a diversas partes do mundo.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Nova arma norte-americana contra distúrbios é altamente cancerígena


A Marinha dos Estados Unidos da América apresentou na semana passada sua nova arma contra distúrbios civis – manifestações de ruas -, uma arma não letal com sistema repulsivo ativo. Trata-se de um canhão que dispara feixes concentrados de microondas (altamente cancerígeno) a uma distância de até mil metros e provoca aquecimento insuportável para o ser humano. A sensação é de “estar dentro de um forno microondas”, declarou uma das cobaias.
Segundo Tracy Tafolla, diretora da empresa Conjunto de Armas Não Letais, “esta arma é a mais segura de todas as fabricadas até o momento. As vítimas não veem, não distinguem, apenas sentem um calor insuportável e fogem dos locais de manifestações públicas.”
Para demonstrar a eficiência da arma, militares norte-americanos testaram a arma com 11.000 pessoas, e algumas delas sofreram queimaduras de segundo grau.
Segundo seus criadores, esta arma é muito mais segura que o gás lacrimogênio e balas de borracha.
O que a indústria armamentista norte-americana não revela é que o microondas altera a estrutura das células, causando câncer a curto ou médio prazo, em se tratando de alta concentração. Desta forma o governo norte-americano estará inoculando câncer nos seus cidadãos mais conscientes e combativos: os manifestantes que saem às ruas para pedir justiça e liberdade. Talvez o objetivo do Pentágono seja este mesmo, eliminar com câncer as pessoas inteligentes para melhor manipular a opinião pública.
Assista os testes dessa nova arma em http://www.youtube.com/user/USFORCESTV

terça-feira, 13 de março de 2012

O “jornalista” Paul Conroy é agente secreto – mercenário - do Mi6 inglês


Apresentado pela imprensa comercial ocidental como sendo um repórter fotográfico do jornal inglês The Sunday Times cobrindo os acontecimentos na Síria, Paul Conroy, quem acaba de escapar do Emirado Islâmico de Baba Amro, é na verdade um agente do MI6 britânico [serviço secreto britânico].
Na foto acima vemos a Paul Conroy na Líbia (com o jaleco anti-balas azul) junto com os líderes da Al-Qaeda: à direita aparece Mahdi al-Harati (com o jaleco anti-balas preto) e Abdelhakim Belhaj (com jaqueta camuflada).
Mahdi al-Harati se casou com uma mulher irlandesa e viveu em Dublín [Irlanda]. Paul Conroy é da Irlanda do Norte, cresceu e foi educado em Liverpool [Inglaterra].
Segundo o ex-presidente do governo espanhol, José María Aznar, Mahdi al-Harati continua buscado na Espanha por sua implicação [principal suspeito] nos atentados de Madrid de 11 de março de 2004.
Em 2010, com uma barba bem feita, também com uma cobertura mais enganosa — a de membro de uma ONG —, Mahdi al-Harati foi infiltrado pelo MI6 na «Frota da Liberdade» que tentou levar ajuda humanitária à Gaza.
Mahdi al-Harati encabeçou uma brigada da Al-Qaeda, sua missão era a de sitiar e atacar o hotel Rixos em Trípoli, onde se encontrava alojada a imprensa estrangeira, isto em agosto de 2011. Segundo o afirmou Khamis Gaddafi nesse momento, Mahdi al-Harati ia acompanhado de instrutores militares franceses. Igualmente, segundo uma fonte militar estrangeira de alto nível confirmava que Mahdi al-Harati tinha recebido da OTAN uma importante missão para cumprir, esta consistia em capturar os líderes líbios pró-Gaddafi que estavam refugiados numa instalação secreta do hotel, além disso, devia assassinar neste mesmo hotel ao norteamericano Walter Fauntroy, quem foi ex-congressista assistente de Martin Luther King.
Ainda disto, tinha que eliminar os jornalistas investigadores da Red Voltaire, Thierry Meyssan e Mahdi Darius Nazemroaya que estavam alojados no Hotel Radisson, o mesmo lugar onde Mahdi al-Harati instalou depois seu centro de tortura. Esta decisão foi tomada numa reunião secreta no centro de mando da OTAN em Nápoles (Itália), uns dias antes. O informe dessa reunião menciona a presença do atual ministro francês, Alain Juppé. Quando se perguntou ao escritório do Primeiro Ministro para confirmar estas informações, a secretaria do ministro negou qualquer implicação ou participação por parte do Ministro francês de Assuntos Exteriores e disse que estava de férias nessa data.
Em outubro de 2011, Mahdi al-Harati realizou na Síria uma brilhante encenação teatral, o controle de uma aldeia síria situada nas montanhas perto da fronteira turca com finalidades propagandísticas. Durante dois meses recebeu ali aos jornalistas ocidentais para vangloriar e elogiar os êxitos da «revolução» na Síria. A aldeia está habitada por uma tribo à qual era paga para simular manifestações e aos figurantes para posar para a imprensa. Mahdi al-Harati recebeu ali principalmente a Paul Moreira do canal francês Canal Plus e a Edith Bouvier do jornal parisiense Le Figaro.
Abdelhakim Belhaj é a mão direita de Ayman al-Zawahiri, e atualmente o número dois da Al-Qaeda. Embora oficialmente continua sendo um dos criminosos mais procurados no mundo, foi promovido como governador militar da OTAN em Trípoli após o massacre de Gaddafi.
Abdelhakim Belhaj possui um título de residência em Qatar.
Abdelhakim Belhaj realizou recentemente várias viagens a Turquía, onde lhe foi proporciado um escritório na base da OTAN em Incirlik, e Síria, onde conseguiu que se infiltraram vários grupos de mercenários islâmicos, somando um total de 1.500 combatentes. De acordo com Ayman al-Zawahiri, seus homens cometeram ataques principalmente nas cidades sírias de Damasco e Alepo.
Sua organização, o Grupo Islâmico de Combatentes na Líbia fez uma fusão com a Al-Qaeda, mas ainda está na lista das organizações terroristas do Departamento de Estado dos EUA e do Departamento do Interior da Gran Bretanha.
Associando-se com notórios terroristas e compartilhando sua propaganda e estratégia o jornalista Paul Conroy viola a lei, tanto nos Estados Unidos como na Gran Bretanha por apoiar ou associar-se com um grupo terrorista. Pode ser condenado por tais fatos a 15 anos de prisão, mas se salva graças a sua imunidade, o de ser um agente secreto de Sua Majestade.

Fonte: voltairenet e Falsas Banderas

sábado, 10 de março de 2012

Manifesto Uninômade global: Revolução 2.0



Vivemos em uma situação revolucionária. A crise se torna permanente, a governança imperial está falida, o eixo Atlântico apresenta a corda. Armá-lo não representa nenhuma concessão a um pretenso mecanicismo ou a qualquer tipo de determinismo ingênuo. São as próprias lutas a demonstrar que a multidão produtiva não quer mais viver como no passado, assim como os padrões do capitalismo global também não podem mais existir como no passado. Por isso o velho mundo está ruindo. Nas ruas do Egito, da Tunísia, da Espanha, de Londres, de Jirau e do Rio de Janeiro, de Santiago do Chile, nas praças e redes globais, a revolução qualica a conjuntura e abre possibilidades extraordinárias na crise do capitalismo
global iniciada entre 2007 e 2008 com a quebra dos contratos subprime e que hoje
se aprofunda com a crise da dívida soberana na União Europeia.
Dessa maneira, a revolução volta à ordem do dia, embora de forma diferente: não há mais “palácio de inverno” a conquistar, centros nervosos do poder a
serem apropriados. Por isso falamos em revolução 2.0: ela se articula através de
diferentes tipos de redes – digitais e territoriais – e irrompe nas ruas e praças das
metrópoles. Em um mundo no qual produzir se torna um ato comum, a “revolução
é o contexto no qual este ato se rearma, e atualiza a potência de generaliza-
ção do desejo comum.

A crise é sistêmica e permanente. A recorrência de bolhas através das quais a
riqueza se acumula e estoura indica uma nova temporalidade da crise: não se trata
mais de ciclos internos à (ir)racionalidade da economia capitalista, mas de uma
temporalidade constituída pelos “mundos” que tais bolhas contêm. A temporalidade da crise é definida a cada momento pelas peculiaridades e pelos paradoxos
que atravessam estes “mundos”, pelo conflito entre produção livre e horizontal
do comum, de um lado, e sua captura parasitária, do outro. Em um viés negativo,
as bolhas representam a forma que a acumulação capitalista usa paradividir e
hierarquizar o comum. No positivo, são definidas e requalificadas pela difusão
das lutas.

Governança e comum. Na crise, e diante dela, direita e esquerda se misturam,
pensando-a como uma espécie de desvio da norma, por um lado, e usando-a como
ocasião para aplicar unanimemente políticas ditas de exceção, por outro. Durante
a primeira fase da crise, ambas despejaram bilhões de dólares para socializar as
perdas; agora desmantelam os últimos restos de welfare alem de forçar a multidão
de pobres e trabalhadores a arcar com o custo. O “estado de exceção” das economias centrais se une às políticas emergenciais dos países emergentes, de modo a
submeter toda a sociedade aos interesses “superiores” do desenvolvimento. Mas,
o “estado de exceção” é também aquele decretado pela multidão, em Londres.
Acenar com a ideia de exceção, portanto, não quer dizer afundar no catastrofismo, que nada mais é que um convite à inação política, ou mesmo reclamar a soberania estatal como freio à própria exceção. Quando a exceção se torna permanente, ela se torna normativa: e a governança se torna norma particular e não soft power, expertise e técnica de gestão que se distinguiria do governo fundado na violência. Digamo-lo então claramente: o modelo de governo soberano não acabou porque teria se tornado melhor, mas simplesmente porque as lutas o puseram em crise. A governança é um sistema de intervenção situado na base, lá onde não é mais possível governar de cima para baixo. No entanto, essas intervenções alternam continuamente flexibilidade e violência (exatamente como se organizam/preparam as Olimpíadas de Londres e do Rio), com o fim de controlar e gerir aquilo que continuamente excede: o comum. A governança é, portanto, continuamente alimentada por sua própria crise: é exatamente neste espaço, determinado pelas lutas, que se abre de modo permanente a possibilidade da ruptura e da subversão.

O trabalho da diferença devém multidão. A revolução 2.0 é animada por uma composição do trabalho vivo de tipo novo, composta de pobres precarizados e precários empobrecidos. Trata-se de um trabalho altamente fragmentado, no qual se combinam velhas e novas formas de precariedade, reunindo na mesma condição produtiva os migrantes, os pobres daquelas áreas ditas “subdesenvolvidas”(de Tunísia, Egito ou Brasil) e o proletariado cognitivo e imaterial das metrópoles “centrais” e “emergentes”. Nas lutas, nas redes e nas praças, a esta vida de precariedade se contrapõe a potência do fazer multidão, isto é, a metamorfose dos fragmentos em singularidades que cooperam entre si a partir das próprias diferenças
e as reinventam continuamente: mulheres, migrantes, homens, indígenas, negros,
mestiços, jovens, gays, lésbicas, transexuais.

As forças produtivas contêm as relações de produção. Atualmente se inverte a tradicional relação entre forças produtivas e relações de produção: podemos dizer que são as próprias forças produtivas que contêm as relações de produção, enquanto o capital variável (isto é, o trabalho vivo que coopera / o trabalho colaborativo em rede) incorpora o capital fixo – as metrópoles e as suas praças, a cultura e a natureza. O comum indica exatamente esta dimensão relacional das forças produtivas enquanto produção de formas de vida (e de saberes) por meio de formas de vida (e de saberes). Os pobres se tornam potências produtivas sem passarem pela relação salarial; os trabalhadores passam a ser plenamente produtivos por si mesmos, nas redes e nas praças.
Da relação salarial àquela de débito-crédito. Se no capitalismo industrial as variáveis centrais eram o salário e o lucro, no capitalismo cognitivo estas se tornam
a renda e o rendimento. Neste regime de acumulação o trabalho se torna relacional, “polinizador”, imerso em redes de autovalorização. A acumulação ocorre a
posteriori, como captura – financeira – dos fluxos: o mecanismo fundamental da
captura consiste em continuar a pagar exclusivamente os fragmentos de trabalho
que se apresentam sob a forma tradicional do emprego (das abelhas operárias).
Assim, a perda do salário direto e indireto é “compensada”, paradoxalmente, pelo
crescente recurso ao endividamento. Lucro e salário se transformam então em
rendimento e renda. O tornar-se rendimento do lucro, através da financeirização,
lança luz sobre a dimensão parasitária do capital que, para sugar o valor, acaba
por matar as abelhas polinizadoras do trabalho relacional. Diante deste parasita,
afim de que o trabalho da multidão reproduza suas condições comuns, o salário
deve estender-se pelo tempo de vida total; devir-renda, ou seja, uma bio-renda que
reconheça a dimensão produtiva do trabalho relacional: “polinizador”. O direito
a decretar falência e dar calote por parte de precários e pobres, isto é, a recusa
em pagar a dívida a bancos, empresas financeiras e Estados, é uma das práticas
através das quais a multidão se reapropria da renda social e o trabalho passa por
um devir-renda.

Da dialética público x privado ao comum. Finalmente passou o tempo em que o socialismo podia correr em socorro de um capitalismo em agonia. E os anos de crise mostraram que qualquer receita keynesiana ou neo-keynesiana que vise relançar o ciclo econômico através do governo público faliu. Os processos de financeirização do welfare não podem ser afrontados e derrotados no terreno público exatamente porque esta é a articulação que permite que esses processos funcionem. Por outro lado, os sujeitos da revolta inglesa ou das periferias francesas cada vez mais só experimentam do welfare público a função de controle, privados que são dos benefícios materiais e das promessas de progresso do capitalismo, do exaurimento definitivo da percepção da escola e da universidade como mecanismos de ascensão social – percepção hegemônica dos movimentos de precários e
estudantes na Europa, assim como nas revoltas na Tunísia e no Norte da África,
aproximando e tornando comum uma classe média empobrecida e um proletariado cuja pobreza é diretamente proporcional à produtividade: pobres precarizados
e precários empobrecidos.
O desafio se coloca agora, imediatamente, no plano da reapropriação da
riqueza social e, logo, de sua constituição em riqueza comum; isto é, no plano da
construção de instituições do comum, entendidas como criação de normatividade
coletiva imanente à cooperação social. Não “ilhas felizes” ou espaços de utopia
no interior (ou apesar) da acumulação capitalista, mas organização da autonomia
coletiva e destruição dos aparatos de captura capitalista.

Em suma, não resta mais nada a defender. Transformar as mobilizações em torno do público em organização do comum: eis o caminho que indicam as acampadas espanholas e os movimentos globais. Podemos encontrar traços importantes também neste laboratório extraordinário e produtivamente ambivalente em que se constituíram o Brasil e a América Latina da década passada, na relação aberta e tensa entre movimentos e governança: como a rede, a cultura, os saberes, a universidade, os lugares de habitação e os espaços metropolitanos podem ser imaginados não como afirmação daquilo que não pertence a ninguém, mas como instrumento de autovalorização e autonomia da potência cooperativa do trabalho vivo? Como afirmação, portanto, daquilo que é produzido por todos e que pertence a todos, ou seja, da institucionalidade do comum? Aqui se travam as batalhas.

Nem brasilianização, nem europeização: Sul, Sol, Sal! Como evocado pela poesia do modernismo comunista brasileiro, a revolução 2.0 vem do Sul (da Tunísia, do Egito), consolida-se no Sol das acampadas espanholas, para então retornar ao Sul que se localiza no interior do norte e reverbera nos fogos da revolta na Inglaterra. Em Londres e Nova York, hoje, como em Paris ontem, encontramos as periferias pós e neocoloniais, fenômeno a que os sociólogos do risco chamam de “brasilianização do mundo”: o colonizado continua a ser o mau exemplo aos
olhos do colonizador. Mas, visto desde o Sul, a “brasilianização do Brasil” revela
um duplo paradoxo: uma vez que atualmente é no Sul que se encontram as jazidas
do crescimento global, a tal “brasilianização” é na realidade uma “europeização”.
Estas jazidas, porém, não devem repetir a experiência de expropriação e homologação coloniais. Para além da brasilianização e da europeização, é na multidão de
pobres – das favelas do Rio de Janeiro e das periferias de Londres – que encontramos o “Sal”: a metamorfose do próprio significado do desenvolvimento.

Os espaços constituintes do comum. A revolução 2.0 é irrepresentável: afirmam os movimentos. A potência constituinte da multidão não deve se tornar forma de governo, porque ela já exprime imediatamente as formas de vida em comum. Aocupação dos espaços metropolitanos, na condição de espaços centrais da produção, não é um simples exercício extemporâneo de protesto, mas construção de
laboratórios de criação de formas de vida em comum, de reapropriação de poderes e logo de nova constituição. Mas, como é que esta potência constituinte pode
conseguir esvaziar e romper a máquina de captura? Eis o ponto. De uma coisa
estamos seguros: é no plano transnacional que o processo constituinte é jogado.
Não há devir para as lutas nas angústias e nos limites esvaziados dos EstadosNação. Isto vem sendo dito das acampadas espanholas até a Tunísia. E é por este
motivo que – como indica a construção de uma grande jornada de mobilização
transnacional no próximo dia 15 de outubro – os espaços globais só podem viver
através de um processo constituinte que se encarna nos movimentos do comum e
nas experimentações políticas da multidão. Por isso também, quaisquer tentativas
de engenharia jurídica ou econômica, ou de reprodução em escala continental da
crise irreversível da soberania estará morta ao nascer.
Quando nos anos recentes começamos a falar de multidão, de pobres e de
comum, de trabalho cognitivo e biopolítica, talvez ainda não compreendêssemos
com precisão a potência do que estávamos dizendo: pois as lutas hoje explicam e
aprofundam esses termos. Estes são conceitos entendidos como ferramentas políticas. E será nesta tendência que continuaremos a dar nossa contribuição para
transformar a situação revolucionária em revolução, revolução 2.0: é o único caminho plausível e possível para sair da crise, para além da impotência e da melancolia das esquerdas e contra a guerra aos pobres criada pelas direitas.

Tradução: Vila Vudu

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

WikiLeaks revela que grande parte da segurança dos Estados Unidos está nas mãos de um sionista

Documentos vazados pela WikiLeaks trouxeram a público mais de cinco milhões de e-mails da agência de inteligência/espionagem privada global Stratfor.
O nome completo de Stratfor é Strategic Forecasting Inc. (Prognósticos Estratégicos Inc.). A empresa foi fundada em 1996, pelo judeu sionista George Friedman, que permanece como presidente executivo. Friedman é politólogo, filho de refugiados húngaros da Segunda Guerra. Antes de fundar sua empresa de inteligência/espionagem, foi professor da Escola de Guerra do Exército e da Universidade Nacional de Defesa dos EUA. A lista de clientes da empresa Stratfor é secreta, mas há notícias de que incluiria Apple, Força Aérea dos EUA e Departamento de Polícia de Miami. Também há notícias de que várias das 500 maiores empresas da revista Fortune são patrocinadoras de seminários e conferências da empresa Stratfor. (Dias depois, ose-mails distribuídos por Wikileaks revelariam que o Ministério da Defesa do Brasil também contratou os serviços da agência de Friedman).
É por este e muitos outros motivos que toda a política externa dos EUA está concentrada na defesa dos interesses criminosos de Israel, país cujo povo – como demonstra a Stratfor – domina e controla o aparato militar estadunidense.

A empresa de inteligência/espionagem vende dois produtos básicos: um pacote feito sob medida para cada cliente, sobre alguns temas de seu interesse; e um pacote ‘top de linha’ com informações sobre todo o mundo. Além disso, há especialistas acessíveis 24 horas por dia, de 2ªs às 6ªs-feiras, para responder perguntas; além de outras vias para informar-se sobre assuntos e acontecimentos.

No final do ano passado, a empresa Stratfor foi invadida por hackers, invasão fartamente noticiada, para vergonha de Stratfor, porque alguém copiou todos os arquivos de seus computadores. Um representante do coletivo Anonymous dehackers divertiu-se à larga: que agência de inteligência/espionagem seria aquela, que não cuidava, sequer, de proteger os nomes de usuário e endereços eletrônicos dos próprios clientes?!

Fonte: Jornal Página 12 - Argentina

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Manipular a realidade é atacar a democracia



Lawrence Davidson, Consortium News

Entreouvido na Vila Vudu:
Fato é que os norte-americanos médios são MUITO dignos de pena.
É como se os coitados vivessem dia e noite sob as metralhadoras de trocentas redes Globo!
Quem pensar que a Folha de S.Paulo é o pior jornal do mundo, não conhece o New York Times, o Wall Street Journal!
(E os americanos médios, aqueles infelizes, sempre ameaçados de serem mandados morrer à toa no Vietnã, no Iraque, do Afeganistão, no Paquistão, no Irã...)

Em meados de fevereiro, alguns dos principais comandantes da inteligência dos EUA compareceram ante a Comissão de Inteligência do Senado para apresentar seu relatório anual sobre “ameaças mundiais atuais e futuras” à segurança nacional dos EUA. Depuseram naquela Comissão, dentre outros, o diretor da CIA David Petraeus, o Diretor da Inteligência Nacional James Clapper, o diretor da Agência de Inteligência da Defesa tenente-general Ronald Burgess e o diretor do FBI Robert Mueller.

O que disseram sobre o que é e não é ameaça real aos EUA e a reação dos senadores daquela Comissão revelou-se exercício de pensamento unidimensional. O que é fato? Ora, o que concorde com o ponto de vista deles. Aqui, dois exemplos daqueles depoimentos:

1. Sobre o “inimigo interno” – Indivíduos renegados que operam “dentro das fileiras” da comunidade de inteligência e das forças armadas são hoje grave ameaça à segurança dos EUA. Segundo o tenente-general Burgess, são “lobos solitários autorradicalizados”[1]. Falou sobre “vazamentos massivos pelo site WikiLeaks”.

Todos os presentes envolvidos naquelas audiências concordaram, mesmo sabendo que é ideia baseada no pressoposto duvidoso, mas não questionado, de que o comportamento das forças do governo dos EUA seria modelo de comportamento aceitável normal de militares e agentes de inteligência. Os que trabalham para o governo, mas consideram inaceitável esse comportamento, os que o veem de fato como traição criminosa contra toda a decência humana, e, por isso, trabalham contra aquela pré-condenação, são perigos “autorradicalizados” à segurança nacional.

Mas e se o apoio a regimes opressores e racistas, a invasão de outros países baseada em mentiras, a matança de milhares e mais milhares de civis e o uso oficial de tortura e da prática das “entregas excepcionais” [prisioneiros entregues pelos EUA a outros governos, para serem torturados] for considerado comportamento radical e inadmisível? Nesse caso, os que denunciem esse extremismo não poderiam ser vistos como radicais. Seriam campeões da normalidade mais racional, seriam os heróis dos tempos que vivemos.

Entendo que se trate exatamente disso. A busca em que os EUA se empenham hoje por alegados interesses nacionais está sendo conduzida por uma gangue metida em ternos caros, que tomaram para eles a tarefa de definir como radicais os heróis cidadãos que denunciam aquela gangue e fatos conhecidos de muitos. A gangue teme que mais e mais norte-americanos vejam afinal a natureza bárbara das políticas da gangue e levantem-se contra ela e a acusem. Então, para impedir que assim seja, a gangue criminaliza (e demoniza) os que veem e dizem a verdade.

2. A ameaça iraniana – Segundo James Clapper, diretor da Inteligência Nacional, “apesar do alarido que cerca os movimentos do Irã em busca de tecnologia nuclear, é baixa a probabilidade de os líderes iranianos desenvolverem armas nucleares, se não forem atacados.” E além disso, disse também Clapper, dificilmente os iranianos iniciarão ou provocarão intencionalmente um conflito”.

Como os senadores da Comissão de Inteligência receberam essa opinião de especialista? A maioria deles recusou-se a acreditar, fazendo eco ao que a maioria do Congresso diz e praticamente toda a imprensa dos EUA repete. A norma, nesse caso, é a que o Sen. Lindsey Graham, Republicano da Carolina do Sul respondeu a “Pessoalmente, estou convencido de que os iranianos estão a caminho de desenvolver uma bomba atômica.”

Calma lá! Isso, só o senhor e sua gangue, Sen. Graham. Como?! O senhor e sua gangue não vivem dizendo que os serviços de inteligência dos EUA são os melhores do mundo e sabem do que estão falando? E, de repente, o senhor não acredita no que dizem?! Por que não?! Que outras fontes de informação os senhores têm sobre o Irã, que os autoriza a dizer o que dizem? E é fonte mais confiável de informação que a CIA, a DIA, a NSA, etc.?

Ah! É o lobby sionista (judeus racistas)! A fonte de informação de Graham e dos senadores que o seguem, sobre qualquer coisa que tenha a ver com Israel (e assunto iraniano é caso exemplar, sempre, da paranóia dos israelenses) é a cartilha das declarações do AIPAC (American Israel Public Affairs Committee).

Esses políticos jamais discordarão desse lobby, nem quando o que dizem contradiz o que diz a inteligência dos EUA. Isso, porque o lobby contribui com dinheiro para suas campanhas eleitorais e ameaça impedir que se reelejam, se os senadores não obedecerem. A comunidade de inteligência dos EUA simplesmente não consegue fazer-se ouvir, contra o lobby.

Assim, mais uma vez, somos todos obrigados a ouvir ‘notícias’ construídas para apoiar as ideias de um grupo. O que significa ser um perigoso “radical”? Ser um perigoso “radical” é denunciar os crimes do governo. E o que é “fato”, quando se trata de Irã? “Fato” será o que o comitê que financia a reeleição de um senador decida que seja “fato”.

E o que é “fato” para o resto dos norte-americanos?

Fato é o que cremos e vemos. E, em vários sentidos importantes, nós sabemos dos fatos. Sabemos que se alguém pula da janela de um prédio, a lei da gravidade cobra seu preço. Em termos gerais, muitos de nós conhecemos os fatos que nos cercam no ambiente imediato no qual vivemos todos os dias. O que quero dizer com isso?

Vivemos a vida de todos os dias em ambiente relativamente limitado, local. Nesse espaço temos experiências diretas, interativas, diárias, a partir das quais conseguimos saber razoavelmente o que esperar. Nossas experiências têm bom valor preditivo. Se alguém aparece dizendo sandices – que quem vive na cidade vizinha está fabricando uma bomba atômica que usará para nos explodir –, sabemos imediatamente que é sandice, loucura.

Mas e quando nos falam de gente que vive longe? Quem de nós conhece o Irã, quantos viveram lá, quantos conversam com iranianos? Nada, na nossa vida diária, nos habilita a emitir julgamentos sobre o que é real é o que não é real, do que se passa por lá.

Fazemos o quê, nesse caso? Em geral, vivemos como se aqueles lugares distantes não existissem, a menos que haja motivo próximo para crer que o que aconteça por lá venha a ter algum impacto em nossas vidas. Para isso, muitos de nós confiam cegamente nos que nos são apresentados como “especialistas”: praticamente sempre são funcionários do estado ou ‘especialistas’ de mídia, “cabeças falantes”.

Aí pode haver um grave problema. O que assegura que sejam especialistas e mereçam confiança? Como se pode saber que aqueles ‘especialistas’ do governo ou da imprensa não trabalham por agendas próprias que nunca nos são expostas e que modelam todos os seus julgamentos? Como sugerem os dois exemplos acima, políticos eleitos também podem perfeitamente trabalhar a partir de pressupostos que, se olhados a frio, são pressupostos anti-humanos. Qualquer deles, aliado a interesses especiais e que jamais se veem com clareza, é perfeitamente capaz de declarar que todas as informações dos serviços de inteligência dos EUA são falsas, não passam de bobagens. ‘Real’ é o que já tinham na cabeça antes de os serviços de inteligência porem-se a trabalhar. E quanto a nós, os que dependemos, para viver, da nossa experiência diária, imediata, acreditaremos em quê, em quem?

Quando não se consegue saber o que é fato e o que é opinião, o que é fato e o que é ficção, talvez possamos usar algumas regras simples, para assim forçar os políticos a agir de modo a minimizar (em vez de multiplicar por mil) os erros. Por exemplo, em caso de dúvida quanto a em quem ou em que acreditar, os cidadãos podemos começar por:

1. Duvidar sempre, o mais possível, em tudo que digam os políticos e a imprensa. Lembremos os últimos desastres, nos EUA (o maior dos quais foi a invasão do Iraque), quando o que nos diziam sobre o que seria ‘fato’ não passou de mentiras e mais mentiras. Os cidadãos temos o dever, para conosco e para com nosso país, de buscar várias, muitas, fontes de informação.

2. Exigir que os políticos eleitos trabalhem a partir do melhor cenário possível, por mais que se preparem para o pior. Na maior parte das vezes, a opinião dos ‘especialistas’ sobre o que seriam ameaças externas contra nós é opinião ideologicamente distorcida; muitas vezes é exagerada; muitas vezes, também, é simplesmente errada (por exemplo, o que tantos ‘especialistas’ nos diziam sobre o Vietnã); ou é opinião que segue uma ou outra agenda específica, interesses especiais (por exemplo, no caso do Iraque, no caso do Irã e sempre que a imprensa fala sobre o “santificado” estado de Israel e o estado “terrorista” dos palestinos).

3. Exigir que, nas relações exteriores, tente-se primeiro e principalmente, a via diplomática. A guerra deve ser necessariamente o último recurso, recurso extremo, que poucos conhecem de perto e a maioria dos políticos só viu em livros ou no cinema. Se a conhecessem de perto, com certeza não seriam tão rápidos em mandar para o front, na imensa maioria das vezes, só os filhos dos outros.

4. Exigir punição exemplar aos que mintam sabendo que mentem e agridem leis internacionais e direitos humanos (como a Convenção de Genebra e as muitas leis que proíbem a tortura). Há várias boas razões para que aquelas leis existam. Atropelá-las é voltar ao estado de barbárie.

É estranho, mas, nas democracias, os que não se empenhem nas discussões políticas, que não se esforcem para influenciar o curso dos acontecimentos, acabam por ser responsáveis por tudo que seus governos façam. É assim, porque, nas democracias, quem não participa abdica do direito potencial de atuar no mundo.

Ninguém pode recolher-se completamente à existência privada. Quem o faça, logo verá que a gangue dos ternos caros ganha novas chances de o derrotar. E afinal, a gangue dos ternos caros lá estará, agindo também em nome dos que abdicam do direito de participar e influir.


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[1] 7/2/2012, BBC, em http://www.bbc.co.uk/news/mobile/uk-16920643

Tradução: Vila Vudu

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Manifesto do Partido Comunista Sírio




A tropa de choque reacionária é a organização dos Irmãos Muçulmanos que leva a cabo massacres em estreita aliança com o imperialismo. O movimento árabe de libertação nacional coloca-se na primeira linha contra o imperialismo global

O imperialismo, e sobretudo a sua força de ataque que é o imperialismo estadunidense, tem sofrido dolorosos golpes por parte das componentes do movimento árabe de libertação nacional: desde a resposta à agressão sionista de Israel no Líbano em 2006 até uma série de levantamentos populares contra os regimes árabes reacionários fiéis aos Estados Unidos e que mantinham relações estreitas com o sionismo, como os regimes egípcio e tunisino, cujas cabeças tombaram, ainda que os povos egípcio e tunisino ainda tenham muito a fazer para aprofundar e desenvolver a sua libertação e a sua revolução nacional.

O imperialismo global tem hoje em curso um feroz contra ataque contra o movimento árabe de libertação nacional. Em termos de objectivos expansionistas, o rosto mais visível deste ataque é a agressão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra a Líbia, em plena coordenação com os regimes reacionários árabes. Houve uma tentativa de encobrir esta agressão sob a fachada de mentiras e de falsos slogans como “difundir a democracia” e “direitos humanos”.

O objetivo principal desta violação da Líbia e o seu saque brutal é sublinhar a coesão do império, que vacila sob o impacto das derrotas e das frustrações sucessivas.

O mesmo pode afirmar-se em relação ao ataque crescente, perfeitamente programado, contra a Síria. Um país que tem uma posição clara contra o imperialismo e o sionismo e os seus planos de expansão regional, um país que apoia os movimentos de resistência e de libertação, ao contrário dos regimes árabes reacionários, do oceano até ao Golfo. Os países imperialistas, tal como os regimes autocráticos traidores do Golfo, investem grandes recursos, utilizando os métodos mais ardilosos e sujos, para derrubar o regime anti-imperialista sírio.

Há muito que o Partido Comunista Sírio vem alertando sobre este perigo. No relatório político à XI Conferência do partido, realizada no mês de Outubro de 2010, afirma-se textualmente: “Está cada vez mais claro que este ataque contra a Síria – com as suas múltiplas vertentes de pressões políticas, ameaças militares, sabotagem econômica e conspirações – pretende levar a cabo transformações radicais que mudem o rosto nacional da Síria, incluindo o derrube do actual regime, que assenta sobre uma ampla aliança nacional e cujo principal objetivo é proteger e reforçar a soberania nacional”.

No que diz respeito à situação atual na Síria devem ser destacados os seguintes aspectos:
- Os planos do imperialismo e da reação interna para derrubar o regime anti-imperialista sírio por meio de amplas revoltas populares generosamente apoiadas pelos regimes reacionários do Golfo fracassaram, porque a maioria das massas populares, sobretudo nas principais cidades do país, não se deixaram arrastar para esse caminho. Pelo contrário: em Damasco, Alepo e muitas outras cidades sírias houve manifestações maciças para condenar a conspiração e para clamar contra o imperialismo, o sionismo e os árabes reacionários.

- Depois deste fracasso, as forças reacionárias optaram por novos e criminosos métodos, como os assassínios seletivos, em alguns casos matanças coletivas de caráter sectário, e ações de sabotagem (como colocar bombas em vias férreas e tentativas de incêndio em fábricas, em particular das que pertencem ao setor público).

É de sublinhar que os assassínios seletivos têm sobretudo como alvo homens da ciência e da cultura (investigadores, médicos, etc.) bem como militares altamente especializados como os pilotos, de forma a enfraquecer a capacidade de defesa nacional. As matanças coletivas perpetradas pelos terroristas foram inteiramente indiscriminadas, sem poupar crianças, mulheres e velhos, com o objetivo de semear o ódio e de minar quaisquer perspectivas de estabilidade.

- Paralelamente à crescente pressão sobre a Síria, há muito exercida pelos Estados e centros imperialistas ou pelos regimes árabes reacionários vinculados a esses centros, instrumentalizando a Liga dos Estados Árabes, os árabes reacionários desenvolvem uma frenética atividade no sentido de proporcionar ao Conselho de Segurança e a outros órgãos da ONU um pretexto para assumir iniciativas de agressão com a cobertura da chamada legitimação árabe, que constitui uma completa falsidade. Para além disso, os regimes do Golfo têm vindo a apoiar generosamente todos os movimentos reacionários que operam na Síria.
- A Turquia – que é o braço da Otan na região – desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de todo o tipo de pressões sobre a Síria, desde as pressões políticas às pressões econômicas, até ao apoio directo às organizações terroristas armadas e ao acolhimento nesse país dos chefes dessas organizações.

O regime sírio tem aprovado numerosas leis e regulamentos visando a ampliação das liberdades democráticas no país. Mas esta abertura tem deparado com a rejeição dogmática por parte das forças reacionárias. Estas forças estão, em colaboração com os infiltrados pelo imperialismo e com o sionismo, a tentar derrubar o regime. Enquanto a Síria mantiver a sua posição anti-imperialista, os projetos de expansão imperialista para o Mediterrâneo Oriental não poderão ser plenamente concretizados, em particular o novo grande projeto para o Próximo Oriente ou, dito de outra forma, o grande projeto sionista.

A posição do Partido Comunista Sírio é clara: combater os planos imperialistas e apoiar o regime nacional e a sua posição anti-imperialista, assim como defender as reformas democráticas que, nas suas linhas gerais, se aproximam das indicações do programa do nosso partido em relação a essa matéria. Do mesmo modo, combater sem tréguas pela mudança da orientação econômica neoliberal e toda a legislação em que se apoia. Não devemos nunca esquecer que foi essa orientação que abriu espaço para o trabalho subversivo das forças reacionárias. Com a retificação dessa orientação, se refoçará a posição anticolonial da Síria e o apoio das massas a esta política.

Quando analisamos a situação na Síria devemos ter em conta que as forças de oposição não constituem uma alternativa democrática. A tropa de choque reacionária é a organização dos Irmãos Muçulmanos, que vem cometendo atrocidades em estreita aliança com o imperialismo e os árabes reacionários, ao mesmo tempo que os liberais de todos os matizes são utilizados como cortina de fumo para ocultar essas forças obscurantistas.

Preparemos o nosso povo para qualquer eventualidade, incluindo a luta contra uma agressão militar. Estamos seguros de que, caso essa agressão se venha a concretizar, a Síria constituirá um cemitério para os agressores. O povo sírio possui um grande património nacional de luta contra o colonialismo. Não foi em vão que um dos mais inteligentes representantes do imperialismo francês, Charles de Gaulle, disse: “É uma ilusão pensar que é possível submeter a Síria”; sim “a Síria não ajoelha”.


Fontes: ODiário.info, Vermelho, 13 IMCWP

Os verdadeiros covardes vão para Teerã


Pepe Escobar, Asia Times Online

Imagine o sonho molhado clássico dos neoconservadores dos EUA: olham o Irã num mapa e salivam, vendo entroncamentos entre Europa e Ásia, entre o mundo árabe e o subcontinente indiano, entre o Mar da Arábia e a Ásia Central, com 10% das reservas comprovadas de petróleo (mais de 150 milhões de barris) e 15% das reservas comprovadas de gás do mundo – um complexo de energia maior que a Arábia Saudita e fiscal das rotas de energia do Golfo Persa para o ocidente e a Ásia, pelo Estreito de Ormuz.

É feito um capitão de poltrona gordo e flácido, hipnotizado por bailarina competente que dança em seu colo. Você será minha, honey. É mudança de regime na veia. Vamos expulsar de lá o dono daquele boteco. Se não... O pessoal vai começar a falar: que porcaria de potência hegemônica franga é essa?!

E assim os neoconservadores ganharam seu pacote de Ano Novo, com as sanções/embargo do governo de Obama contra o Irã, devidamente replicadas pelos poodles europeus. Mas não era para dar no que deu. A bailarina de lap dance saltou e aplicou uma chave de pescoço no capitão de poltrona: agora, quem está sufocando é ele, não ela. A coisa toda está... dando chabu! Exatamente como a outra Grande Ideia dos neoconservadores – a invasão, ocupação e inevitável derrota no Iraque, que já custou mais de US$1 trilhão.

Baby, me embargue de novo

Revisemos algumas das provas mais recentes. Teerã mandou dois navios de guerra pelo Canal de Suez, rumo ao Mediterrâneo; bloquearam – nada mais nada menos – o porto sírio de Tartus. Nem faz muito tempo, o ditador já caído em desgraça e amigo íntimo da Casa de Saud teria, provavelmente, bombardeado os dois navios.

Teerã cortou as exportações de petróleo para os dois principais europeus poodles de guerra, Grã-Bretanha e França. É só 1% das importações britânicas e 4% das francesas – mas a mensagem é clara: se os países Club Med já em depressão insistirem em acompanhar os doidos-por-guerra anglo-franceses, os próximos serão eles.

O barril de cru já está custando $121 – preço mais alto, em oito meses. West Texas Intermediate, negociado em New York, está em torno de $105. O cru brent é crucial, porque determina o preço da gasolina ao consumidor em quase todos os EUA e Europa Ocidental. Os neoconservadores juraram sobre suas Bíblias e Torahs que o preço não subiria. Já subiu – funcionando como relógio e provando mais uma vez que eles sabem, sobre especulação, o que sabe um bebê de dois anos (com todo o respeito pelos bebezinhos).

O que Teerã está perdendo por causa das sanções – em termos de menores exportações para a Europa – está sendo largamente compensado pelo aumento do preço do petróleo causado pela obcecação por guerras dos neoconservadores doentios. Como se não bastasse, Teerã venderá mais petróleo para seus principais clientes asiáticos – China, Índia, Japão e Coreia do Sul; e até a Turquia, vejam só, em planos variados de diplomacia, já disse que Washington vá lamber sabão e cuidar da própria vida.

Como Asia Times Online já noticiou, demorou um pouco, mas Irã e China acabam de selar um novo acordo de preço do petróleo. E o gasoduto Irã-Paquistão é questão resolvida. E Afeganistão e Paquistão – como o Irã – querem muito ser admitidos à Organização de Cooperação de Xangai [ing. SCO], acelerando a integração econômica regional.

O fato de os lobbystas pró-Israel que redigiram o pacote de sanções não terem previsto que tudo isso aconteceria só prova, mais uma vez, que vivem a vida vegetativa de homens ‘de ação’ de capitães de poltrona.

Os papagaios neoconservadores ficaram agarrados à conversa fiada das “sanções debilitantes” e blá-blá-blá. Ou à porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, casada com o neoconservador Robert Kagan, que garantia que todos esses países seriam pressionados a fazer o que pudessem “para aprofundar as sanções, sobretudo para que se desliguem do cru iraniano.” Ninguém está “se desligando” de coisa alguma, exceto os poodles europeus especialistas em se autoderrotar.

Está também aí, afinal exposto, o mito da ‘capacidade reserva’ da Arábia Saudita. Não existe. As reservas sauditas diminuem à velocidade de 3% ao ano (a Arábia Saudita está exportando 11,8 milhões de barris/dia, e diminuindo). Além do mais, a Casa de Saud não quer extrair mais óleo, porque precisa dos altos preços, para continuar subornando a própria população, para que ninguém pense em primaveras árabes.

Mas há ainda uma cereja sobre o bolo, deliciosa demais para deixar sem anotar. Apesar das ‘sanções debilitantes’, o banco de investimentos Goldman Sachs não excluiu o Irã de sua seleção dos “Next 11”[1] nem do cálculo do novo índice que regerá um novo fundo de investimento nos N-11 e que Goldman Sachs criou no ano passado[2]. O Irã continua avaliado como uma das cinco nações em desenvolvimento que têm “produtividade e sustentabilidade de crescimento acima da média”. Talvez uma Britney Spears persa devesse cantar “Baby, me embargue de novo”.

Baby, estou chegando p’ra pegar você

Do ponto de vista de Washington, a única coisa que realmente conta na interminável disputa nuclear é se o Irã pode ou não chegar a ter capacidade para construir uma bomba atômica em tempo recorde, para o caso de a liderança em Teerã ficar absolutamente convencida de que o Irã será atacado pelo eixo EUA-Israel.

É exatamente o que disse o diretor da Inteligência Nacional dos EUA James Clapper, em audiência na Comissão das Forças Armadas do Senado, na 5ª-feira passada: que o Irã “é mais que capaz de produzir urânio enriquecido em quantidade suficiente para uma bomba, se os líderes políticos, especificamente, o Supremo Líder, decidir que assim seja.”[4]

O que Clapper não esclareceu é que Teerã está enriquecendo urânio a apenas 3,5%; para bomba atômica, teria de chegar a 95% de enriquecimento – o que seria imediatamente detectado pela Agência Internacional de Energia Atômica.
Se acontecer – e há aí um imenso “se” –, não haverá como impor “mudança de regime” por lá, se a mudança tiver de vir de fora. E, assim, bye bye ao Grande Prêmio em petróleo e gás sonhado por todos, do realista Dr. Zbig Brzezinski ao ex-Darth Vader, Dick Cheney.

E lá estará a Ouroboro, tudo de novo – a serpente que morde o próprio rabo. Temos de bombardear para mudar o regime, e a bailarina lambuzada de petróleo dançará no nosso colo de rico.

O problema é que nem o governo Obama nem os principais generais do Pentágono estão convencidos de que seja bom negócio.

Para o comandante do estado-maior das forças conjuntas dos EUA, general Martin E. Dempsey, “Seria prematuro decidir exclusivamente que tenha chegado a hora, para nós, da opção militar”.

E o tenente-general Ronald Burgess, diretor da Agência de Inteligência da Defesa, disse ao Congresso na 5ª-feira que “é pouco provável que o Irã inicie ou provoque intencionalmente um conflito.” Não surpreende: o próprio Dempsey admitiu que a liderança em Teerã, ao contrário do que nunca se cansam de repetir os ‘especialistas’ da imprensa neoconservadora, “é ator racional”.

E isso faz alguma diferença para os neoconservadores e sua legião de lambe-botas midiáticos? Não. De fato, não lhes faz qualquer diferença. Até que consigam algum idiota para guerrear por eles – como, por exemplo, um presidente Republicano –, os verdadeiros covardes continuarão indo para Teerã, dia e noite, no mais molhado de seus sonhos molhados.

Tradução: Vila Vudu