domingo, 25 de dezembro de 2011

Hezbollah aos cristãos do mundo: Mensagem de Natal


“O Hezbollah congratula-se com os libaneses cristãos e o povo cristão em todo o mundo, nessa data abençoada. Rogamos que Alá, o Generoso, traga de volta aos cristãos, no Líbano e em todo o mundo, tempos de bem-estar e bênçãos, esperando que nossa região e todo o mundo sejam iluminados com as graças da unidade e da cooperação, superando a longa crise que atinge o mundo e especialmente essa nossa parte do mundo.

O nascimento de Cristo é ocasião para reafirmar a conexão que liga todas as santas religiões, nos seus clamores por justiça e igualdade, na defesa dos oprimidos contra os tiranos de todos os tempos.

Hoje, a violência maior, a maior tirania, é a que atinge Belém, lugar santo onde nasceu Jesus, filho de Maria, e Jerusalém e toda a Palestina.

Esses locais sagrados para todos nós continuam a enfrentar a violência da ocupação pela entidade sionista, apoiada ainda pelos Estados Unidos da América, onde hoje se concentram todos os poderes arrogantes do mundo.”

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

EUA suplicam que os Talibã negociem


Bhadrakumar, Indian Punchline

A matéria ‘exclusiva’ da Agência Reuters[1] sobre contatos secretos entre os EUA e os Talibã é, sem dúvida, sensacional. Raras vezes o tabuleiro afegão foi tão claramente ‘desmitificado’. Serão os EUA, agora, ‘transparentes’? Uma nova abordagem? Porque tampouco os EUA jamais antes ‘revelaram’ tanto de sua própria política regional, de modo tão explícito. Jamais tampouco se viram intenções de ‘processo de paz’, depois de guerra tão brutal, manifestas com tal sinceridade de intenções, com tantos bons propósitos, com tal generosidade em relação ao ‘inimigo’.

Que chances há de alguma coisa do que a Reuters publica hoje ‘com exclusividade’ ser verdade?

Pergunto sobre as intenções que haja por trás de tantas declarações proferidas por militares norte-americanos identificáveis, falando todos, em fila, um depois do outro, em momento crucial de definição da guerra do Afeganistão. E escolhem logo, para divulgar toda aquela sinceridade e transparência, uma agência de notícias que tem leitores em todo o planeta, fazendo-a porta-voz daquelas ‘revelações’.

O que pode ter empurrado, para tamanha exposição, aqueles “militares norte-americanos de alto escalão”?

Comecemos pela ‘revelação’ – que tem de simples o que pode ter de falsa: os EUA estariam trabalhando num ‘processo de paz’ com os Talibã, com as conversações já bem adiantadas. E esses esforços alcançaram um ponto crítico, com boas chances de progressos consistentes; embora também tudo possa vir abaixo num segundo.

Quanto aos motivos: os funcionários dos EUA falam ali para vários públicos. Há o público doméstico no país – os norte-americanos cansados daquela guerra e que já não veem sentido algum em continuar no Afeganistão. Esses leem, em matéria publicada pela Reuters, que o governo Obama empenha-se muito em pôr fim à guerra e avança palmo a palmo, com denodo, rumo ao fim do túnel.

Assim sendo, que ninguém culpe o governo Obama se, apesar do esforço, a tentativa der em nada, por causa da intransigência dos Talibã. O mais importante de tudo: se, por acaso, a guerra prosseguir, e os EUA chegarem ainda em guerra ao ano da crucial (re)eleição presidencial de 2012, não terá sido por decisão do presidente-candidato Obama, mas por imperiosa necessidade.

Obviamente, a lei sobre Guantánamo torna urgente alguma definição sobre o estatuto daqueles prisioneiros, antes que Obama sancione lei. Aqueles prisioneiros são lixo. Por que não se livrar deles e, de quebra, ainda extrair do lixo algum lucro político?

Muito espertos. Sobretudo se a transferência dos prisioneiros para a custódia de Karzai puder ser apresentada como ‘movimento de cortesia’ dirigido aos Talibã.

A mensagem visa também os afegãos, especialmente o presidente Hamid Karzai, para que saiba que o nível de exasperação em Washington está alto; que, com ou sem o aval de Kabul, os EUA estão fazendo avançar sua própria agenda; e que já acumularam massa crítica.

Claro que é também mensagem para o Paquistão e para toda a região, os quais, depois dessa ‘notícia’, terão de começar a pensar sobre as intenções dos EUA no pós-2014.

O momento das ‘revelações’ também é interessante: a) Obama tem de dar respostas políticas ‘em casa’; b) Washington está irritada com Karzai; c) os EUA estão inseguros quanto às intenções dos Talibã; d) o Paquistão entrou em modo de “desafio estratégico”; e e) há oposição regional às bases militares dos EUA no Afeganistão.

A parte intrigante é que governos só ‘divulgam’ sua diplomacia mais top secret quando, de fato, a confidencialidade deixou de ser interessante. Os funcionários do governo dos EUA que fizeram ‘revelações’ à Agência Reuters admitiram publicamente que Washington desistiu de quaisquer ‘pré-condições’ no relacionamento com os Talibã (que desistiu de todas, fossem quais fossem: que tenham de obedecer à Constituição afegã, que tenham de separar-se da al-Qaeda etc.); e admitiram que os Haqqanis também são muito bem-vindos ao grupo.

A grande pergunta é se as ‘revelações’ sugerem que estaria aparecendo pensamento novo, com vistas ao cenário do pós-2014. Pelo que se pode ver, os EUA começam a considerar uma era pós-Karzai. Querem mostrar que aprenderão a conviver com um Afeganistão comandado pelos Talibã. Mas... e por quê os Talibã engoliriam tudo isso?

Como se poderia adivinhar que fariam, os Talibã imediatamente desmentiram tudo[2] e deram as costas à abertura proposta pelos EUA. Pode não ser a última palavra dos Talibã.

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[1] 19/12/2011, “Exclusive: Secret U.S., Taliban talks reach turning point”, Reuters, em http://www.reuters.com/article/2011/12/19/us-usa-afghanistan-idUSTRE7BI03I20111219 (em inglês).
[2] 19/12/2011, “No secret talks with U.S.: senior Taliban commander”, Reuters, http://www.reuters.com/article/2011/12/19/us-usa-taliban-talks-idUSTRE7BI0Z620111219 (em inglês).

domingo, 18 de dezembro de 2011

Governo do Paraná pode comprar armas sujas


Segundo informações levantadas junto à Assembleia Legislativa, o Governo do Paraná está estudando a compra de armas do grupo israelense Rafael Defense para utilizar nos Jogos da Copa de 2014 em Curitiba. Esta compra foi recomendada por políticos ligados ao ex-governador Jaime Lerner, e visa servir de porta de entrada para os armamentos bélicos israelenses considerados “sujos”, para os estados envolvidos com os jogos da Copa.
Armas “sujas”, no jargão das entidades de defesa dos Direitos Humanos, são aquelas produzidas a partir de experimentos contra populações civis. No caso da indústria israelense Rafael Defense, as armas foram usadas contra a população árabe palestina de Gaza, conforme denúncias comprovadas junto ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
A negociação de armamentos bélicos com israelenses representa um grande perigo para o povo paranaense, uma vez que no governo Lerner havia uma ligação muito forte entre os órgãos de segurança pública do Estado e o governo de Israel, resultando em manipulação criminosa da opinião pública nos dias que antecederam a invasão do Iraque, quando policiais paranaenses inventaram diversas células extremistas em nosso Estado a partir de centrais telefônicas que acusavam ligações telefônicas para membros da Al Qaeda em países como Afeganistão, Iraque, Paquistão entre outros. Essas centrais telefônicas foram montadas por policiais paranaenses treinados em Israel para favorecer os interesses norte-americanos na ocupação do Iraque. Misteriosamente as provas dessas centrais desapareceram.
Caso as negociações com o governo israelense se realizem, o governador Beto Richa será denunciado nas Nações Unidas como apoiador do comércio de “armas sujas”, e ficará marcado junto à comunidade árabe de forma irreversível.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sayyed Nasrallah: “Somos a força que o inimigo não conhece”


Antes do discurso [adiante], feito de outro lugar e mostrado numa grande tela, Sayyed Nasrallah esteve pessoalmente na praça – depois de muito tempo ausente de eventos públicos –, para uma rápida saudação-oração:

“Alegra-me muito estar próximo de vocês por alguns minutos. Muito quereria estar sempre com vocês. Mas aqui estamos afinal juntos, nesse 10º dia de Muharram, porque quis vir até aqui para que juntos reafirmemos nosso voto, nosso juramento ao Imã Hussein – que nesse dia enfrentou sozinho 30 mil inimigos, confirmando a lição de seu pai, o Imã Ali bin Abi Taleb, que dizia: “Por Alá, ainda que tenha de enfrentar sozinho inimigo que venha em grande número, nem me intimidarei nem me esconderei”, quando Hussein viu-se ante um dilema, entre a luta e a humilhação. Nunca nos humilharão. É impossível.

Para sempre, e não importam os desafios e os perigos, nada nos assusta nem nos intimida, porque somos companheiros de Abi Abdullah Al-Hussein, que diz: “É impossível: nunca nos humilharão.”

Irmãos e irmãs, nesse 10º dia do Muharram, renovamos nosso voto e dizemos a Hussein o que seus companheiros e amigos lhe disseram à véspera do 10º dia do Muharram: “Não poderíamos continuar sem ti. A vida seria vazia e desagradável sem ti, Hussein. Se for morto por Alá, depois queimado, depois fossem minhas cinzas sopradas no ar; e se depois voltasse à vida, eu outra vez lutaria, seria morto, queimado, minhas cinzas sopradas no ar, e outra vez e outra vez, e mil vezes, e nem a assim eu desertaria, oh Hussein!”
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Feita essa saudação-oração, Sayyed Nasrallah deixou o palanque e reapareceu, alguns minutos depois, numa grande tela – como é praxe em seus discursos públicos. Aqui, a íntegra do que disse:

Em nome de Alá, o mais pleno de Graças, o mais Generoso

Louvado seja Alá, Senhor dos Mundos, que a Paz esteja com nosso Mestre Profeta Maomé Bin Abdullah, sua família virtuosa, seus bons amigos, e com todos os Profetas e Mensageiros.

Que a paz esteja contigo, meu Mestre Imã Hussein, filho do Profeta de Alá, e com todas as almas dos mártires martirizados contigo, meu Mestre.

Antes de tudo, agradeço a cada um dos que aqui vieram em multidão, pela lealdade, pela fidelidade, pelo compromisso, pela paciência. E rogo que Alá aceite todos os nossos esforços e nossa luta.

Reúno-me a vocês nesse 10º dia do Muharram – o dia do martírio de Abi Abdullah Al-Hussein, de sua família e amigos –, para consolar o Profeta e toda sua família (Que a Paz esteja com Todos Eles), nossos imãs, o imã Mahdi, neto do imã Hussein (que Alá apresse sua volta!) e seu representante delegado, o Imã Khamenei. Aqui estamos também para consolar todos os nossos intelectuais e professores e todos os muçulmanos que seguem o Profeta.

Todos os anos repetimos essa cerimônia, para renovar nosso caminho, nosso compromisso, nossos votos, nossa firmeza, nossa decisão, nossa insistência e nosso forte desejo de perseverar nesse caminho, que é o caminho da resistência, caminho de todos os profetas, de todos os mensageiros, de todos os guardiães, e que é o caminho dos bons.

Nesse caminho, houve milhões de mártires. Karabala é um marco desse caminho histórico, que será para sempre lembrado até o dia do Julgamento Final.

Meus irmãos e minhas irmãs

Tratarei hoje de algumas questões políticas, porque é preciso lembrá-los, alertá-los sempre, de que a maior e mais real ameaça que pesa contra nossa nação – e seus vários países, vários povos e vários governos – é o projeto de EUA-Israel. É sempre o governo dos EUA, não importa quem seja o presidente. Esse é o inimigo que ocupa a Palestina, viola locais sagrados, violenta o povo palestino e toda a nação muçulmana. O grande ladrão que ataca a riqueza de nosso povo é ladrão israelense e ladrão norte-americano.

Nossos povos têm de saber dessa verdade, para que não se deixem ludibriar por mais uma fraude. Ao longo de todo o ano corrente, os norte-americanos tentaram apresentar-se como defensores de direitos humanos e democráticos no mundo árabe. Hipócritas! Mentirosos! Farsantes! Todos sabemos que jamais negaram apoio e solidariedade, não aos povos muçulmanos, mas a todos os tipos de ditadores e ditaduras! Os ditadores e as ditaduras que hoje vão sendo derrubadas uma a uma no mundo árabe existem e persistiram até hoje graças ao apoio que sempre receberam dos EUA – apoio político, apoio das empresas de imprensa, apoio das redes de inteligência, apoio militar, apoio em todos os planos e níveis.

E então, quando o povo levantou-se e derrubou ditadores, e os EUA viram que os seus ditadores ‘amigos’ começavam a ser derrubados, um depois do outro, os EUA os abandonaram. Vocês sabem, irmãos e irmãs, que assim, precisamente, age Satã, como se lê no Santo Corão. É o que Satã faz, no dia do Julgamento, quando todos os caminhos se fecham para quem siga Satã: Satã dá-lhes as costas, abandona todos os seus mais aplicados seguidores; age como se nada tivesse a ver com a desgraça deles.

Como Satã, os governos dos EUA também desertam, também abandonam os seus mais aplicados seguidores, aliados, todos aqueles dos quais os EUA se servem quando precisam e quando lhes interessa, pensando só em minimizar prejuízos, reduzir perdas... dos EUA, sempre, das empresas dos EUA e de seus aliados.

Todos os povos árabes e muçulmanos do mundo devem saber, com plena clareza, que os governos dos EUA são nosso pior inimigo, são a mais grave ameaça que pesa sobre nós. Não há, disso, dúvida alguma.

Há apenas alguns dias, todos ouvimos o presidente Obama, falando diretamente ao lobby de judeus pró-Israel e outras organizações de judeus racistas nos EUA, dizer que “a ajuda que meu governo prestou à segurança de Israel foi maior que qualquer ajuda que Israel tenha recebido de qualquer outro governo norte-americano”. Nisso, o presidente dos EUA não mente. E fez mais. Durante o governo Obama, a CIA deixou de ser organização de espiões que opera dentro dos EUA, e passou a ser organização de espiões que operam em território libanês, diretamente sob ordens do Mossad e do aparelho de segurança de Israel. A orgulhosa CIA existe hoje para tentar descobrir onde os mujahedeen escondem armamentos, onde vivem, o que fazem seus comandantes. Os aparelhos de segurança dos EUA estão hoje entregues a agentes de segunda linha, que obedecem ordens de Israel, para defender Israel.

Povo muçulmano, libaneses, forças políticas da resistência, não se deixem enganar pelo governo dos EUA. É ele que lá está, ocupando a Palestina de vocês, violando a Al-Quds [“O Local Nobre e Sagrado”, Jerusalém] de vocês, ameaçando a mesquita Sagrada de vocês. E é o governo dos EUA o responsável, até mais que a entidade sionista inimiga, pelas centenas de palestinos que permanecem nas prisões de Israel, pelos refugiados, pelos torturados, pelos que sobrevivem sitiados em Gaza e na Cisjordânia. Isso é os EUA. Isso é a América. Nesse 10º dia do Muharram, que ninguém se engane sobre quem é o amigo e quem é o inimigo.

O inimigo é o governo dos EUA, e seu “instrumento” (porque é instrumento, não aliado) na Região: Israel. O governo dos EUA usa Israel, como uma espécie de cabeça de praia, para humilhar e oprimir os árabes e os muçulmanos, e para impor aos árabes e muçulmanos a vontade dos norte-americanos, com vistas a manter garantido rico mercado para compra das armas que vendem e para roubar nosso petróleo. Isso, precisamente isso, não podemos esquecer nunca.

Em segundo lugar, mas sempre nesse mesmo contexto, temos de ter presente o fracasso do plano inicial do governo dos EUA – o projeto de “novo Oriente Médio” – que foi derrotado pela resistência no Líbano, na Palestina, no Iraque; pela força e clarividência dos homens e mulheres daqui; e pelos países à testa da resistência – o Irã e a Síria. Esse fracasso começou quando os povos e os revolucionários árabes despertaram. Então o governo dos EUA tentou fazer reviver o velho projeto do Oriente Médio, mas, dessa vez, tentaram outras armas: tentaram incendiar conflitos locais e semear novos conflitos; e incitaram os confrontos sectários. Essa é a escolha do desespero, porque EUA e Israel já não têm alternativas, no esforço sempre repetido para controlarem toda a Região.

Nesse contexto, já dissemos e aqui repetimos e garantimos, não aceitaremos nenhum embuste mascarado em discursos sectários – porque todas as divisões sectárias entre nós favorecem Israel e os EUA; favorecem os inimigos da nossa nação muçulmana. Todos os muçulmanos devem respeitar o que seja sagrado para todos. Repito aqui, para relembrá-la, a Fatwa ordenada pelo Imã Khamenei, que nos ensina e ordena que respeitemos tudo que seja sagrado para outros, todos os símbolos sagrados de todos os grupos e seitas.

Em terceiro lugar, sempre no mesmo contexto, quero falar de Al-Quds [“O Local Nobre e Sagrado”, Jerusalém], que é causa central do conflito nessa região. Alerto-os para a evidência de que lá, em Al-Quds [“O Local Nobre e Sagrado”, Jerusalém], já está em curso uma tentativa de judaicizar o local. Estão em curso vários passos para judaicizar Al-Quds [“O Local Nobre e Sagrado”, Jerusalém].

Ontem, várias casas foram demolidas em Al-Quds Leste. Todos os dias são aprovados novos milhares de novas construções nos territórios palestinos ocupado, e agora já várias partes da mesquita de Al-Aqsa estão sob risco, por efeito das demolições que se fazem ali. O que mais tememos é que, enquanto os povos árabes lutam, ocupados cada um com seus problemas locais, Israel se aproveite para atacar em Jerusalém, tentando algum golpe irremediável.

Seja como for, ataque israelense conta a mesquita Al-Aqsa será a mais absoluta estupidez, dentre as muitas que Israel tem cometido desde que se estabeleceu na Região. Mesmo assim, é preciso que todos saibam o que está acontecendo, para que se manifestem contra mais essa violência cometida pela entidade sionista, contra santuários religiosos.

A causa da Palestina é e deve continuar a ser a causa central de toda nossa luta, não importa o quanto as coisas se compliquem ou se agravem os conflitos. Todos acreditamos nisso e por isso lutamos.

Quanto às opções dos povos árabes, apostamos na clarividência desses povos.

Hoje na Tunísia, o povo derrotou o tirano, fez eleições, e esperemos que as forças políticas atendam e satisfaçam as expectativas do honrado amado povo tunisiano.

O povo da Líbia triunfou sobre o tirano, e as forças políticas lá também têm o dever de satisfazer as expectativas do povo que ofereceu milhares de mártires.

No Iêmen, o desafio prossegue, e há quem queira dividir o Iêmen e restaurar a atmosfera de sectarismo, para matar a revolução e suas aspirações.

No Bahrain, o povo ainda luta, em manifestações pacíficas, apesar da opressão e de todas as mentiras e hipocrisia. O povo insiste na luta por seus objetivos nacionais legítimos.

No Egito, houve mudanças enormes, que sacudiram Israel e obrigaram Barak a preocupar-se muito. Todos investimos nossas esperanças no Egito, porque qualquer transformação real no Egito, que vise a defender a nação e a Palestina, alterará profundamente toda a atmosfera estratégica de Israel na região e imporá à entidade sionista inimiga a maior ameaça existencial que jamais conheceu. Esse é o grande desafio que aguarda as forças políticas egípcias que vencerem as eleições e formarem nova autoridade naquela nação: o desafio da Palestina, de Al-Quds, de Gaza, de Camp David e a posição que o Egito assumirá em relação à entidade sionista.

Esperamos que os povos árabes não se deixem enganar ou iludir pela hipocrisia dos norte-americanos. E que, tão logo resolvam seus problemas internos locais, voltem a assumir a posição que todos os árabes esperam deles, e enfrentem, com a resistência, essa questão central.

Os EUA fracassaram e continuam a fracassar.

Falarei agora sobre Iraque, depois Síria e, para concluir, falarei sobre o Líbano.

No Iraque, hoje e nos próximos dias, espera-se que se complete a retirada dos EUA. No Iraque os EUA foram realmente derrotados. Todos sabem que os EUA não invadiram o Iraque para retirarem-se como estão obrigados a retirar-se. Tinham projeto para permanecer no Iraque, controlar o Iraque e ali estabelecer bases seguras para permanecer décadas no Iraque. Mas a valente resistência iraquiana, a firmeza do povo do Iraque e os poderes políticos, e o altíssimo custo de uma ocupação norte-americana no Iraque forçaram outra solução: a retirada que hoje se vê.

Quero destacar também que a resistência iraquiana não receber qualquer cobertura da imprensa árabe ou internacional. Vários grupos da resistência iraquiana distribuíram vídeos e DVDs de suas importantes operações a satélites árabes e internacionais, quase completamente ignorados. A maior parte das operações da resistência iraquiana foram ocultadas para favorecer o discurso do exército e do governo dos EUA, cuja moral ficaria ainda mais abalada internamente. Esse movimento expõe com clareza a natureza das redes de distribuição de notícias e das empresas que gerenciam os satélites de comunicação que controlam a imprensa no mundo árabe e islâmico.

Seja como for, noticiada com precisão ou não, o que aconteceu e está acontecendo no Iraque é derrota real das forças dos EUA, que as forças da resistência e o espírito de sacrifício do povo iraquiano aplicaram aos poderes arrogantes dos EUA. A retirada dos EUA, do Iraque, é motivo de júbilo e uma grande vitória histórica, de que se devem orgulhar a resistência e o povo do Iraque. Isso é nosso dever apresentar, nesses termos, a todos os povos da Região.

Cada vez que Israel é derrotada, no Líbano, em Gaza, o que se evidencia é que Israel é derrotável. Cada vez que os EUA são derrotados no Iraque, o que se evidencia é que os EUA são derrotáveis. Assim como os EUA foram derrotados no Iraque, assim podem ser derrotados em outros pontos, em todos os pontos nos quais os EUA tentam impor-se como força de agressão, de invasão e de ocupação. Que os EUA tentem esconder a própria derrota é mais uma derrota a somar-se às demais.

Nesse quadro, o que está acontecendo em toda nossa região – os eventos na Síria, as ameaças ao Irã, a história inventada sobre o embaixador saudita em Washington e outras histórias – são tentativas para manter ocupados os povos da região, distraídos da realidade, para que não vejam que os EUA, que arrogantemente se apresentaram como única potência mundial, estão hoje sendo derrotados pelos jovens e pelos Mujahedeen no Iraque.

Infelizmente, tenho de reconhecer que, nesse ardil, os EUA foram bem-sucedidos. Se se abrem os jornais ou se se assiste às redes de notícias árabes e internacional, não se encontra nenhuma foto da retirada dos EUA do Iraque. Não se veem soldados em retirada, tanques correndo para fora do Iraque, nem exércitos em retirada, derrotados. Ontem, afinal, li que restam poucos soldados dos EUA ainda no Iraque. Como é possível?

Como é possível que 150 mil soldados tenham sido retirados do Iraque e chegado aos EUA como exército derrotado, sem que ninguém tenha visto uma foto, uma imagem, uma notícia?! Nessa operação de ocultar a retirada, sem imagens de soldados derrotados, sem notícias nem análises da derrota, sim, nisso, os EUA tiveram pleno sucesso.

Hoje, todos os jornais e redes de televisão falam primeiro da Síria, depois do Egito, depois da Líbia, depois da Tunísia, depois do Iêmen... mas só muito raramente, e sempre notícias rápidas, ouve-se alguma referência à retirada dos EUA, do Iraque. Não acontece por acaso. É movimento deliberado de ocultação.

Por isso, é tarefa e responsabilidade das forças de resistência no mundo árabe e islâmico hoje, assim como é tarefa e responsabilidade do próprio povo iraquiano, e dos jornalistas no Iraque e no mundo árabe, noticiar a verdade da derrota dos EUA no Iraque.

Nesse 10º dia do Muharram, pedimos que Deus abençoe essa vitória histórica dos iraquianos, quando o sangue mais uma vez derrotou a espada e a violência. O povo iraquiano, com rifles e velhas Katyusha da II Guerra Mundial, derrotou o mais moderno e poderoso exército do mundo. Se o exército israelense é o mais poderoso da região, como o exército dos EUA é o mais poderoso do mundo, está visto que são derrotáveis e já foram derrotados, pela luta, pela Jihad, pela resistência, pela perseverança.

Hoje o que mais importa é que nos mantenhamos atentos à fase que se inicia, depois da retirada dos EUA do Iraque, atentos aos ardis da mente satânica dos EUA, cujo projeto é nos dividir pelo sectarismo. Os EUA já trabalham para nos dividir em lutas sectárias. Resistir contra esse projeto é dever nosso. Tudo depende de nos mantermos atentos, em diálogo com nossos irmãos iraquianos – aos quais a paz local também interessa.

Chegamos à Síria. Nossa posição sobre a Síria foi bem clara desde o início. Apoiamos reformas na Síria e apoiamos um regime que sempre apoiou a resistência na região. Somos a favor de combater todas as causas de corrupção, e dizemos sim às reformas aprovadas pelo governo sírio e demandadas pelo povo. De modo algum, nem agora nem jamais nos aproximaremos, como jamais nos aproximamos, dos que não querem nem reformas, nem segurança, nem estabilidade, nem paz nem diálogo na Síria: esses são os que querem destruir a Síria.

Os EUA tentam substituir pela questão síria, a derrota que sofreram no Iraque, porque sabem que a Síria teve papel importante naquela derrota, como também teve papel importante na derrota estratégica que, ao que tudo indica hoje, os EUA também sofrerão no Egito. Por tudo isso, os EUA tentam, por todos os meios intervir na Síria.

O chamado Conselho Nacional Sírio, formado em Istanbul, e que alguns países ocidentais consideram legítimo, é chefiado por Burhan Ghalyoun. Há dois dias, Ghalyoun declarou que “se ‘mudarmos o regime’ e conquistarmos poder na Síria, cortaremos os laços com o Irã e com os movimentos de resistência no Líbano e na Palestina” – e citou diretamente o Hezbollah e o Hamás. Nada disso é viável ou exequível. Ghalyoun fala, exclusivamente, para angariar prestígio aos olhos de EUA e Israel.

Em seguida, perguntado sobre as Colinas de Golã, disse que recorrerá à comunidade internacional. Quer dizer... depois de 20, 30 anos de fracassos da ONU, aparecem agora esses personagens interessados, exclusivamente em quebrar os laços que ligam a Síria e a resistência, e de olhos postos nos negócios com a ‘comunidade internacional’. Para completar, um dos sírios do Conselho recém inventado, que mantém relações com uma organização islâmica na Síria, disse que, quando ‘mudarem o regime’ na Síria, eles atravessarão a fronteira e chegarão ao Líbano para castigar o Hezbollah. Dizem sandices. Tudo isso é inviável e irrealizável, mas dizem, exclusivamente, para ganhar créditos aos olhos dos EUA e de Israel, porque somos nós, o Hezbollah, o seu maior inimigo. Até hoje, só o Hezbollah derrotou Israel.

Digo e repito essa verdade, ao povo da síria e ao povo libanês, sobretudo aos que têm dito que nós temos interpretado mal a situação na Síria. Os eventos dos dois últimos dias comprovam que, sim, estamos interpretando corretamente a situação na Síria; e que, sim, o principal alvo de todos aqueles movimentos somos nós, a Resistência na região. Não há ninguém, nem nos EUA nem no Ocidente, realmente preocupado com promover reformas na Síria. Querem, exclusivamente, arrancar de lá um regime que apoia a resistência contra Israel e os EUA, para lá implantarem qualquer regime, desde que seja submisso aos EUA e a Israel.

Aqui declaramos: queremos paz, estabilidade e diálogo na Síria – e condenamos todas as sanções impostas à Síria e todos os movimentos para incitar as divisões sectárias e empurrar o país para uma guerra civil. Aqui relembro, a todos que nos ameaçam com armas, que os navios de vocês já foram destruídos e expulsos, antes, das praias de Beirute.

Sobre o Líbano, no quadro dos eventos regionais, sempre insistimos que o Hezbollah não analisa a situação no Líbano como se fosse separada da situação na região. Esse ponto é crucial e é indispensável não separar o Líbano, porque o que ocorre no Líbano tem conexões profundas com tudo que acontece na região.

Defendemos a paz na sociedade libanesa, rejeitamos todos os tipos de incitação ao sectarismo, nos temos mantidos pacientes e ordeiros, apesar da inúmeras acusações que se assacam contra o Hezbollah. Entendemos que os que atacam o Hezbollah porque temem o Hezbollah têm boas razões para nos temer.

Há, também no Líbano, quem trabalhe hoje para promover divisões e sectarismos. Rejeitamos todas essas ações, que venceremos com inteligência, lucidez e paciência.

Queremos que a ação do governo seja reativada, e reafirmamos a importância de atenderem-se as justas demandas do Movimento Patriotas Livres.

A questão dos falsos testemunhos será enfrentada pelas vias judiciais e não duvidamos que se fará justiça. Afinal, aquelas falsas acusações não causaram dano apenas a alguns indivíduos, injustamente acusados. Aquelas falsificações causaram danos graves a toda a situação política interna no Líbano e às relações entre Líbano e Síria. Mais importante, também causaram a morte de dezenas de sírios inocentes.

Mais grave que aquelas acusações é a ameaça permanente de Israel contra o Líbano. Já se sabe, depois de longo trabalho de contraespionagem muito bem-sucedido, que Israel e CIA infiltraram agentes no Líbano, e, aos poucos, as investigações conduzidas pelo Hezbollah e pelo exército libanês vão mostrando os vários crimes que aqueles espiões cometeram em território libanês. Nesse contexto, vale destacar a eficácia do trabalho e o sucesso das investigações conduzidas no Líbano pelo exército, pelo povo e pelo Hezbollah.

Nesse 10º dia de Muharram, quero enviar nova mensagem bem clara contra os que conspiram.


A Resistência no Líbano, com suas armas, sua formação, os mujahedeen, nossa inteligência, nossa cultura, nosso trabalho, aqui está e aqui permanecerá. Não seremos afetados por conspirações, manobras, golpismos, nem por guerras inventadas pela mídia, nem por guerras psicológicas, políticas, de espiões.

Manteremos nossa resistência e as armas da resistência. Hoje lhes digo que dia a dia nossos números aumentam, nossa capacidade aumenta, nosso treinamento melhora e aumentam nossa confiança na nossa organização, nas nossas armas e no nosso futuro.

A questão das armas do Hezbollah está hoje completamente distorcida. Há quem diga que as armas da Resistência seriam causa de perturbações e de instabilidade no Líbano. É mentira. As armas que se veem nos conflitos internos, são armas que circulam entre a população libanesa. Nada têm a ver com as armas da resistência. Nosso armamento é mais pesado e absolutamente jamais foi visto nos confrontos de rua. O fato de que todos, no Líbano, famílias, partidos, indivíduos, tenham acesso fácil a armas leves é problema da segurança interna do Líbano e também nos preocupa. As armas da Resistência nada têm a ver com isso.

Quem queira dar melhor segurança à população libanesa, deve resolver o problema do excesso de armas em mãos da população civil. Quem pense em negar à Resistência o direito de armar-se para defender o Líbano contra os ataques sempre iminentes que nos vêm de Israel presta, isso sim, favor a Israel. O que Israel não conseguiu depois de 33 dias de guerra contra o Líbano, ajudado por exércitos de todo o mundo – porque havia o Hezbollah e a Resistência –, há hoje quem tente conseguir com a ajuda da imprensa ou de intrigas. Nunca derrotarão o Hezbollah e a Resistência.

Nesse 10º dia de Muharram, dia de escolhas históricas e decisivas, quero dizer ao mundo que nós, no Líbano, já tomamos a iniciativa, desde 1980. Não esperamos pela ‘comunidade internacional’, nem pela Liga Árabe, nem pela Organização da Conferência Islâmica, nem por nada nem ninguém.

O Hezbollah, nossa vontade firme, nosso desejo, os jovens, os homens, as mulheres, nossas potências maiores e menores, nós resistimos, lutamos, morremos, temos nossos mártires, defendemos nossa terra com a nossa resistência. Assim sempre foi e assim será, com dignidade e honra.

Nem perigos, nem ameaças nem ‘mudanças de regimes’ nos afastarão do que é nosso dever e nossa responsabilidade. Pertencemos ao Imã que, sozinho, enfrentou exército de 30 mil. E nós, da Resistência, nunca estamos sozinhos. O Hezbollah são dezenas de milhares de combatentes e mujahedeen treinados, prontos para lutar e morrer, todos nós, filhos de Abi Abdullah Al-Hussein (Que a Paz Esteja com Ele).

O Hezbollah somos um poder que o inimigo ainda não conhece e jamais conhecerá antes da hora. O Hezbollah sempre surpreenderá o inimigo, porque é forte e criativo em todas as suas lutas.

Por isso, nesse 10º dia de Muharram, dizemos que é passado o tempo em que ainda podíamos fraquejar no compromisso com nossa própria dignidade, com nosso orgulho, com nossa presença, com nossa terra e nossa fé. A situação mudou. É hora agora de renovar nossa promessa ao Imã Hussein e dizer: “Meu mestre e imã, assim como tu te sacrificaste pelas mais altas metas, e preferiste morrer com tua família e amigos, para não trair as mais altas metas, assim nós seguimos teus passos nesse caminho, e nele também triunfaremos, pelo sangue, contra a espada.

Quando todos já haviam sido martirizados e só restava vivo o Imã Hussein, ele não se dirigiu ao exército que se opunha a ele. Em vez disso, o Imã Hussein falou a todos os resistentes de todos os tempos, os que já vieram e se foram e os que ainda virão, nas lutas de resistência: “Vocês todos estão comigo?”

A resposta está sempre conosco, no sangue, nas lágrimas, na alma, na mente, na Jihad, na Resistência: “Aqui estou e sempre estarei contigo, oh Imã Hussein!”

Tradução: Vila vudu