terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Yoani Sánchez: personagem e arma da guerra midiática contra Cuba



Nos últimos dias a blogosfera brasileira tem intensificado seu trabalho de desmascarar a blogueira cubana Yoani Sánchez, produto do governo estadunidense na campanha midiática internacional contra Cuba. Alguns exemplos são os blogs: O Pensador da Aldeia, blog de Jose Luiz Quadro de Magalhães, blog de Altamiro Borges,CMI Brasil, blog do Carlos Maia, dilmanarede, Associação Cultural José Martí eJornalismo B.

Reproduzo abaixo o texto tomado do Jornalismo B.
Yoani Sánchez: personagem e arma da guerra midiática contra Cuba

Com a viagem da presidenta Dilma Rousseff a Cuba, programada para a próxima semana, a trupe dos jornalões brasileiros não quis perder a oportunidade de pressioná-la. Uma das mais recorrentes críticas da mídia dominante ao governo de Lula se referiu à política externa. Ao contrário de todos os governantes anteriores, o petista manteve, de modo geral, um posicionamento independente, desagradando os setores da sociedade brasileira que sempre lucraram com um país subordinado aos interesses imperialistas (nas últimas décadas isso pode ser lido como EUA, mas não apenas isso) e que buscava estrangular os mais fracos.

A guinada da América Latina como um todo em direção a políticas externas de colaboração em detrimento da competição canibal entre os países historicamente explorados incomodou as elites e, é claro, seus representantes midiáticos. A pressão – e a sutil porém real mudança ideológica – já fizeram com que Dilma assumisse postura muito mais ofensiva do que Lula em relação ao Irã. Agora, estratégia de mídia semelhante é usada para afastar a presidenta do governo cubano. E uma peça vem sendo – e continuará a ser – fundamental nesse jogo: Yoani Sánchez.

A blogueira cubana é, há anos, estrela internacional da luta imperialista contra a Revolução Cubana. Multivencedora de premiações promovidas por jornais e organizações internacionais afinadas com o neoliberalismo, Yoani costuma reclamar muito do que chama de “falta de liberdade de expressão” em Cuba, mas mantém seu blog no ar sem problemas, assim como sua conta na rede social Twitter. Da mesma forma, costuma dar muitas entrevistas, por telefone, email, ou mesmo pessoalmente. Mesmo assim, se diz perseguida. O Generacion Y, blog mantido pela cubana, é traduzido em 18 idiomas, e não se conhece outro site no mundo com esse número de traduções. As fontes dessa força não são conhecidas, assim como não são conhecidas muitas questões em torno de Yoani. As premiações, por exemplo, ajudam a sustentar sua tranquila vida em Havana. Quais interesses representam, é uma questão que a grande mídia internacional não costuma colocar nas centenas de vezes em que cita ou entrevista a blogueira.

Apenas em 2012, do qual não completamos nem o primeiro mês, os três maiores jornais brasileiros – Estadão, Folha de S. Paulo e O Globo – já fizeram cada um uma entrevista exclusiva com Yoani, além da publicação de incontáveis matérias e notas de agências. É claro que nenhuma delas questionou o financiamento do Generacion Y, a “censura” que a entrevistada alega sofrer, ou qualquer questão mais profunda ou contundente sobre a situação em Cuba. O tema dos cinco cubanos presos nos EUA, trazido novamente à tona pelo recente livro de Fernando Morais, também não foi colocado. Sobre o cerco do governo norte-americano a Cuba, novo silêncio.

Há, sim, nas três entrevistas, pressão combinada entre a entrevistada e os entrevistadores para que, em sua visita a Cuba, Dilma se encontre opositores do governo cubano, mas, curiosamente, quando um presidente brasileiro vai aos EUA não se pressiona para que reserve espaço para audiências com a oposição do momento. Ao mesmo tempo, há gritos pelo direito de Yoani de vir ao Brasil, mas a legislação cubana para imigração não é explicada com clareza em momento algum.

Apenas o jornal Zero Hora conseguiu superar Estadão, Folha e O Globo. Em menos de um mês, duas entrevistas com Yoani, ambas por telefone. Parece que o acesso da imprensa internacional à blogueira não é tão difícil. Onde está a censura, então? Umaentrevista concedida por Yoani a um jornalista francês, em 2010, dá boas indicações sobre a resposta mais adequada. Mas é claro que essa reportagem, absolutamente crítica e que derruba por terra a credibilidade da blogueira, não foi reproduzida ou comentada na velha mídia brasileira. Não é aquela a face de Yoani que interessa aos grandes grupos midiáticos. Ao francês Salim Lamnarium, ela afirma que seu blog não pode ser acessado em Cuba, ao que ele responde que acabara de acessá-lo. Então ela se enrola um pouco, e reclama que não tem espaço nos maiores veículos de mídia do país. Quantas pessoas têm espaço nos maiores veículos de mídia do Brasil?

Yoani é uma peça interessante no tabuleiro que sedia a luta entre a Revolução Cubana e o imperialismo capitalista. Ela usa a mídia internacional para se promover e ganhar dinheiro – muito dinheiro, como indicam ao menos as premiações que recebe – ao mesmo tempo em que é usada como fonte principal de tudo o que se fala sobre Cuba, sempre com o direcionamento de ataques frontais ao governo cubano. As entrevistas a que a blogueira responde são pouco questionadoras e muito elogiosas à “sua luta por liberdade”, e, nessa dinâmica, é construída uma imagem de Cuba filtrada apenas pelos olhos suspeitos de Yoani Sánchez e por sua conta bancária recheada de dólares e euros.

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